I SÉRIE — NÚMERO 37
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e seus impactos económicos e sociais. É aí que o PCP entende que devia estar a prioridade da ação e das
medidas a tomar e é por isso que continuaremos a bater-nos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, ultrapassou o seu tempo em mais de 40%.
Tem, agora, a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Telmo Correia.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs.
Deputados: Discutimos, hoje, o nono decreto de estado de emergência. Fazemo-lo a caminho de um novo
confinamento geral, no momento em que a situação pandémica está fora de controlo no nosso País. É, de resto,
a situação e o momento mais grave desde o seu início, em março do ano passado; nisso todos os especialistas
são inequívocos.
A primeira questão que importa perceber é: como é que chegámos aqui? Para responder, temos de ter em
consideração que este problema não é, obviamente, um exclusivo português. A Europa é, neste momento, um
dos centros da terceira vaga.
Mas também não podemos ignorar que a abordagem errada que o Governo fez em relação ao período das
festas do Natal foi determinante para o agravamento desta situação. E não é a primeira vez que o Governo
comete erros graves na abordagem à pandemia.
Em primeiro lugar, fê-lo aquando do excesso e dos sinais errados no primeiro desconfinamento, entre idas à
praia e espetáculos à noite. Era o tempo da tese do «milagre português». Onde é que isso já vai…
Em segundo lugar, voltou a errar quando menosprezou a importância e a gravidade de uma segunda vaga,
não prevenindo, não tendo os meios de rastreio suficientes e, sobretudo, não tendo preparado o sistema nacional
de saúde para responder à pandemia, contratualizando com os privados e com o setor social, alargando, assim,
a toda capacidade instalada a resposta à pandemia.
O Sr. João Gonçalves Pereira (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Em terceiro lugar, agora, cometeu o erro de, entre proteger ou agradar,
escolher a segunda opção.
O Governo não impôs limitação de circulação entre concelhos, não propôs, nem que fosse de forma
indicativa, um número limite de pessoas que se pudessem reunir em espaços fechados e sem máscaras e o
resultado está à vista: um número crescente de contágios e de mortes.
As opções foram do Governo, quer queiram ou não os opinadores bem informados.
A verdade é que os partidos, estado de emergência após estado de emergência, votam aqui — como
acontecerá hoje mais uma vez — o decreto presidencial sem conhecimento das medidas concretas e dos seus
contornos.
Foi o método que o Governo escolheu, em vez de partilhar e de acordar, previamente, com as forças políticas
o exato contorno das medidas. Foi precisamente por isso que nos abstivemos, recusando cheques em branco,
por considerar que muitas das medidas estavam mal fundamentadas ou poderiam, até, ser contraproducentes,
como, por exemplo, a limitação de circulação aos fins de semana, que levou a uma enorme concentração de
pessoas no período das manhãs. Outros optaram, legitimamente, por dar sempre o seu voto favorável e outros,
ainda, optaram, com a mesma legitimidade, por votar contra.
Esses fizeram-no em nome de uma utopia liberal, de um radicalismo populista ou de um negacionismo
comunista, de que o recente comício de abertura de campanha do candidato do PCP às presidenciais, numa
sala apinhada, cheia de gente, e fechada, como é evidente, foi só um exemplo.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Aldrabão! Aldrabão!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Não posso deixar de dizer, Sr. Deputado — não respondendo a insultos,
porque «o povo é sereno» —, que estavam errados.