14 DE JANEIRO DE 2021
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económica, que tem de ter respostas. É tempo de o Governo não ficar fechado na sala do Conselho de Ministros
e saber ouvir as outras forças políticas, a ampla comunidade científica, e é também tempo de ouvir e dar resposta
às carências reais na vida das pessoas, das empresas e das organizações não governamentais que estão a ser
atingidas com esta crise.
Com o Orçamento do Estado para 2021, neste segundo confinamento, o layoff, sabemos, não vai ser
sinónimo de perda de rendimentos dos trabalhadores e os sócios-gerentes não vão ficar de fora dos apoios.
Mas é urgente que o Governo desburocratize e agilize estes apoios, para que não vejamos atrasos e
ineficiências como as que vimos tão recentemente, por exemplo, com os trabalhadores independentes.
É urgente que o Governo, sem demora, tome as medidas complementares para as empresas, que o PAN
defende desde o primeiro momento e que foram rejeitadas por este mesmo Parlamento, nomeadamente a
criação de um apoio às despesas de tesouraria das micro, pequenas e médias empresas ou a criação de um
regime excecional de majoração das despesas com pessoal. Só assim poderemos evitar um tsunami de
insolvências, ainda maior do que aquele que já temos a bater-nos à porta.
O confinamento exige resiliência em saúde mental, bem sabemos — basta olhar para os casos dos idosos
que têm estado em confinamento ou dos lares. Se ele se mantém de forma prolongada no tempo, é fundamental
apoiar as pessoas na gestão emocional e psicológica desta nova realidade, de forma a minimizar o risco
associado àquilo que é a perturbação mental do confinamento. Não podemos esquecer que a crise sanitária traz
associados medos reais, que são percecionados pelas pessoas em relação àquilo que possa ser a perda do seu
emprego, da sua saúde, dos seus entes queridos, entre tantas outras situações.
Mas também, contrariamente ao que sucedeu, é preciso que o Governo não cruze os braços perante as
fortes dificuldades com que se deparam outros setores, como, por exemplo, o da cultura, dificuldades essas que
poderiam ter sido minoradas se o Parlamento tivesse aprovado as propostas apresentadas pelo PAN. E não se
continue a fechar os olhos aos cineteatros e aos cinemas, às escolas de dança e às companhias de teatro, que
estão a fechar portas por não conseguirem ter soluções de tesouraria.
Não nos podemos esquecer que, por trás de si, estão milhares de pessoas nos bastidores — técnicos de
som, de luzes, de montagens, entre outros — que, desde março, passam por dificuldades económicas
tremendas, assim como as próprias organizações não governamentais, a quem não foram flexibilizados os
mecanismos de apoio e que também não podem ficar esquecidas.
Durante este estado de emergência teremos também uma eleição presidencial. E, apesar dos sucessivos
alertas que têm sido feitos, o processo vai decorrer atabalhoadamente.
Estamos a falar de um sistema democrático no nosso País.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Concluo já, com a mesma tolerância, Sr. Presidente.
Aceitarmos com a maior naturalidade que um ato eleitoral ocorra sem que tenha sido devidamente planeada
e acautelada a saúde de todos não pode ser natural e não pode significar um spinoff daquilo que vai acontecer
nas eleições autárquicas, que a este tempo têm de começar a ser planeadas.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Para concluir, Sr.as e Srs. Deputados, o que vamos aqui hoje votar não
deve implicar que a responsabilidade seja transmitida unicamente para as pessoas que estão em casa, ela tem
de ser partilhada, a começar por este Hemiciclo e pelos nossos governantes, para que haja o devido
planeamento e ninguém fique para trás.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes», a Sr.ª
Deputada Mariana Silva.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Fazemos
este debate sobre a renovação do estado de emergência num momento de incerteza e preocupação.