I SÉRIE — NÚMERO 37
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Sr. Deputado, gostava de perguntar-lhe o seguinte: o PCP tem apresentado um conjunto de propostas para
responder a esta realidade. Temos apresentado até propostas de reforço de trabalhadores para os lares,
entendendo e defendendo que o Estado tem de assumir aqui as suas responsabilidades. O CDS não acompanha
o PCP na proposta que temos em relação à rede pública de lares.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não é verdade!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Nós entendemos que ela é importante, até para reforçar a resposta que é
necessário dar não só para resolver problemas de listas de espera mas também para responder a um conjunto
de situações de instituições que não estão sequer legalizadas e estão, neste momento, a funcionar.
Mas, Sr. Deputado, o PCP propôs também o reforço de profissionais para lares. Propôs e apresentou um
projeto de lei, aqui, na Assembleia, para garantir a contratação com direitos destes trabalhadores, com um
vínculo, para que não vão lá um mês ou dois e, depois, sejam enviados novamente para a situação de
desemprego, correndo até riscos acrescidos face à situação dos surtos que se verificam em algumas instituições.
Propusemos que estes trabalhadores tivessem a formação adequada para lidar tanto com a situação da
COVID-19, mas também para lidar com os idosos que têm de acompanhar.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que conclua.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Mesmo para terminar, diria que pedimos até que a contratação destes
trabalhadores pelas instituições tivesse a revisão dos acordos de cooperação respetivos, do ponto de vista do
seu financiamento, mas o CDS votou contra este projeto de lei do PCP. Assim, podíamos ter resolvido esta
situação, que não está resolvida porque o CDS não a quis resolver.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para responder aos dois pedidos de esclarecimento, tem a palavra o
Sr. Deputado João Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Diana Ferreira, respondo-lhe já,
diretamente, com uma justificação e uma retribuição.
A justificação é a seguinte: o CDS não votou a favor desse projeto de lei por duas razões, que explico
rapidamente. Uma é que não se resolve um problema conjuntural com uma solução estrutural, ou seja, não pode
contratar definitivamente e empolar os quadros de funcionários destas instituições tendo em conta uma realidade
que é limitada no tempo. Portanto, não pode aumentar os custos estruturais sem que isso, depois, tenha um
equilíbrio na gestão. A não ser que o Estado o financie… Mas isso não estava no projeto do PCP.
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Estava no nosso projeto!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Não, não estava no projeto do PCP o financiamento das
despesas com pessoal, estrutural, para o futuro.
A segunda razão que justificou que não se votasse a favor foi a da contratação, ou seja, não pode ser o
Estado, a nível central, a contratar trabalhadores e a impô-los às instituições. Obviamente, o processo de
contratação tinha de ser conduzido pelas próprias instituições.
Quanto à retribuição, foram duas as medidas que o CDS apresentou e que o PCP votou contra.
Primeira: SOS lares, contratação de médicos. Se o Estado não consegue resolver a articulação entre a saúde
e a segurança social para que haja cuidados de saúde nos lares, então, que se autorizem os lares a contratar
os médicos para prestarem esses cuidados de saúde. O PCP não votou a favor!
Outra questão essencial: para os idosos que estão em casa, que têm um problema com o seu orçamento
familiar — orçamento familiar que, muitas vezes, é pessoal, porque estão sozinhos —, resolver a questão dos
medicamentos, ou seja, conseguir, de uma vez por todas, excluir a despesa com medicamentos daquilo que é
a despesa das famílias e dos idosos com menos recursos. Também não votaram a favor desse projeto do CDS!