21 DE JANEIRO DE 2021
35
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim
de Figueiredo, do Iniciativa Liberal.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Logo na discussão do
Orçamento suplementar, em junho, a Iniciativa Liberal alertou para o facto de os 1200 milhões euros de liquidez
injetados na TAP não serem um empréstimo e de que até já estavam inscritos como uma despesa de capital.
Ou seja, o contribuinte nunca iria ver esse dinheiro de volta. A história irá lembrar que, no início da maior crise
sanitária das nossas vidas, o Governo do PS decidiu enterrar 1200 milhões de euros numa indústria de
viabilidade duvidosa, quando poderia ter reforçado camas e hospitais, que hoje tanta falta fazem.
A conversão, agora já confessada, desses 1200 milhões de euros em capital vai elevar a posição acionista
do Estado acima dos 95%. Na prática, o Governo nacionalizou a TAP, obrigando todos os portugueses a serem
acionistas, e a pergunta que metade do País faz é esta: como é que deixo de ser acionista da TAP, porque não
quero pagar isto?
A esta questão nem o projeto do PCP, nem o do Bloco respondem, porque devem achar muito bem ter mais
uma empresa nacionalizada, mesmo a perder rios de dinheiro. No fim, se for preciso, aumentam-se os impostos,
como se os portugueses aguentassem tudo.
Apesar disto, estamos totalmente de acordo que será útil ter uma auditoria à gestão anterior da TAP, mas é
bom que essa auditoria não assuma logo as conclusões, como o projeto do Bloco parece fazer. Se a auditoria
é para apurar a verdade dos factos, não faz sentido assumi-los à partida.
É neste espírito de querer saber quem é responsável por uma fatura aos contribuintes que já vai em quase
4000 milhões de euros que, em breve, a Iniciativa Liberal também irá propor uma auditoria ao processo de
renacionalização da TAP, para ver se, desta vez, a culpa não morre solteira.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Isabel Pires,
do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, aproximamo-nos rapidamente do final deste debate e há duas
questões importantes que ficam marcadas. O plano de reestruturação não nos dá uma TAP mais capaz de
responder aos desafios que esta tem para o futuro, e esse é o grande problema do plano de reestruturação.
Este plano de reestruturação que tem sido apresentado dá-nos a possibilidade de uma TAP demasiado pequena
ou demasiado redimensionada para poder responder a esse desafio e, acima de tudo, demasiado apetecível
para uma qualquer Lufthansa, o que não pode ser o que queremos para a TAP.
Finalmente, sobre a questão da auditoria à gestão privada, verifica-se, novamente, que a direita continua a
dizer muita coisa, que confunde muita coisa, mas continua a não querer admitir uma coisa. Continua a querer
apagar da história da TAP a decisão ruinosa que tomou relativamente à sua privatização, continua a querer
apagar da história as decisões de gestão tomadas durante a gestão privada, que são amplamente públicas e
conhecidas e que ainda hoje têm consequências na empresa.
Percebe-se, portanto, que a direita continua a defender as privatizações que fez, que se pudesse ainda
mantinha,…
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — … e que não defende o erário público. E é esse o nosso objetivo com este
projeto: defender aquilo que é público e que deve continuar a ser público.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Srs. Deputados, para encerrar o debate, tem a palavra o Sr.
Deputado Bruno Dias.