I SÉRIE — NÚMERO 41
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Nos últimos seis anos, antes da crise
epidémica, o número de passageiros transportados pela TAP aumentou 33%, o número de trabalhadores na
TAP aumentou 19% e, em setores críticos, como por exemplo na manutenção e na engenharia, o número de
trabalhadores não aumentou. Expliquem-nos lá, por favor, onde é que está a base para afirmarem que a TAP
tem de ter menos trabalhadores!
Aquilo que sempre dissemos relativamente à TAP e ao seu crescimento foi que a operação da TAP não
estava a crescer, estava a inchar. Estava a crescer de uma forma não sustentada, e isso era demonstrado na
sua operação, diariamente.
Para os porta-vozes dos interesses neoliberais, o que é preciso é diabolizar a gestão pública, já sabemos, e
o controlo soberano sobre a companhia aérea de bandeira — não sei se sabem sequer o que isso é —, ao
mesmo tempo que afirmam que os outros é que têm opções ideológicas— esse crime! E, pelo caminho, fazem
essa tentativa serôdia de beatificação do Sr. Neeleman, chegando ao ponto de repetir o insulto de que era ele
o único na TAP que percebia de aviões.
Os senhores preferem deixar cair a TAP e os seus trabalhadores e deixar a companhia à mercê das
multinacionais. Foi assim ao longo dos anos. É assim agora, outra vez.
Não falem em contribuintes, Srs. Deputados,…
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Não falem?!|
O Sr. Bruno Dias (PCP): — … porque o que os senhores estão a defender é que os trabalhadores da TAP,
que pagaram, só para a segurança social, contribuições de 111 milhões de euros em 2019, vão para o
desemprego e passem a receber subsídio de desemprego em vez dos salários a que têm direito. É isso que os
senhores querem!
A viabilidade económica da TAP, sim, é o que está no centro do debate e das propostas do PCP. Estão em
causa as medidas que devem ser tomadas para defender essa viabilidade económica, em vez de se tratar os
trabalhadores como carne para canhão. É que os despedimentos da TAP e nas empresas do grupo TAP estão
a acontecer há meses!
O regime sucedâneo está a ser imposto agora! E é preciso rejeitar essas opções e apontar verdadeiras
soluções para a defesa da TAP. É por isso que afirmamos que aquilo de que a TAP precisa é de um verdadeiro
plano de contingência e não desta pseudorrestruturação, que é uma declaração de guerra a quem trabalha.
Aplausos do PCP e do Deputado do PEV José Luís Ferreira.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputados, passamos agora ao quinto ponto da nossa ordem
de trabalhos, que consta da apreciação, na generalidade, do Projeto de Lei n.º 395/XIV/1.ª (PAN) — Determina
a incompatibilidade do mandato de Deputado à Assembleia da República com o exercício de cargos em órgãos
sociais de entidades envolvidas em competições desportivas profissionais (14.ª alteração à Lei n.º 7/93, de 1 de
março).
Começo por dar a palavra ao Sr. Deputado André Silva, do PAN, para uma intervenção.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A corrupção no desporto é classificada
pela Europol (Serviço europeu de polícia) como uma das 12 principais atividades criminosas organizadas na
União Europeia.
Sem falar em casos mediáticos do conhecimento geral, há estudos que nos dizem que 24% dos cidadãos
consideraram o futebol o principal foco de corrupção em Portugal e que somos mesmo o segundo País do
mundo, só atrás da Argentina, onde mais desportistas classificam o futebol como o desporto mais corrupto.
Assim, falar hoje de futebol não é falar apenas num desporto, é falar num mundo que, há demasiado tempo, tem
ligações perigosas e pouco transparentes e que está a tornar-se, cada vez mais, num mundo tóxico.
Por isso mesmo, é sem surpresa que, nos últimos tempos, vamos assistindo ao levantamento de cordões
sanitários a este mundo, em diversos setores.