I SÉRIE — NÚMERO 46
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Verdes, não só este apoio deve ser alargado aos filhos até aos 15 anos como deve corresponder a 100% do
salário.
Por outro lado, os apoios não contemplam os que estão em teletrabalho. Por exemplo, dar aulas síncronas
ou atender clientes ao telefone não é compatível com cuidar de crianças em casa. As propostas do PEV de
alteração ao Decreto-Lei n.º 8-B/2021 respondem às necessidades dos pais com filhos até aos 15 anos, bem
como permitem que os pais em teletrabalho possam prestar de forma adequada apoio aos filhos.
Por fim, o Decreto-Lei n.º 10-A/2021, de 2 de fevereiro, veio definir medidas adicionais, de caráter
extraordinário e transitório, para o SNS, de forma a valorizar o esforço dos prestadores diretos de cuidados de
saúde a doentes com COVID-19, mas deixa de fora muitos outros que têm um papel relevante no combate à
pandemia, como é o caso de assistentes operacionais, secretários clínicos, técnicos de diagnóstico e
terapêutica. Estes trabalhadores devem ver igualmente alargada a remuneração em 50% do trabalho
suplementar.
Prevê-se também a contratação de médicos a termo incerto, quando a medida que vigorou até 31 de
dezembro de 2020 permitia a contratação de médicos especialistas sem termo.
De fora ficaram outros profissionais, como secretários clínicos e assistentes operacionais, cujo papel,
nomeadamente nas unidades de cuidados de saúde primários, é inegável.
A falta destes profissionais tem levado a que várias unidades de saúde, já no decorrer de 2021, tivessem de
encerrar.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Pires, do
Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Ao longo de
quase um ano de pandemia e de resposta necessária a essa mesma pandemia, demasiada coisa tem falhado,
não só no apoio aos trabalhadores, mas também na própria resposta às empresas, à economia. A saber: apoios
que chegam sempre demasiado tarde, apoios desfasados da realidade, nomeadamente nas micro e pequenas
empresas, anúncios atrás de anúncios, com pouca ou nenhuma regulamentação efetiva, assim como uma falta
de previsibilidade mínima para quem tem o seu negócio que lhe possa perspetivar um pouco de futuro.
Desse ponto de vista, há duas discriminações que se mantêm nos regulamentos e nas medidas de apoio
mas que devem ser eliminadas o mais rapidamente possível e que têm a ver com o facto de os programas de
apoio continuarem a deixar para trás parte dos sócios-gerentes — nomeadamente aqueles sem contabilidade
organizada, porque o Governo ainda não implementou a medida — e os empresários em nome individual com
trabalhadores a cargo, que também estão excluídos, designadamente, da elegibilidade de programas como o
APOIAR + SIMPLES. Portanto, é preciso acabar com estas discriminações.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Pinho de
Almeida, do CDS-PP.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as e Srs.
Deputados: Há quase um ano que a vida das famílias portuguesas mudou substancialmente. Mudou,
obviamente, em função de vivermos com uma pandemia e de nunca termos vivido uma realidade idêntica, mas
mudou também porque as circunstâncias em que cada membro dessas famílias presta trabalho e as
circunstâncias em que presta o seu apoio à família mudaram igualmente de forma radical.
Assim, se num primeiro momento aquilo que era uma dificuldade para a vida de qualquer família, que era a
conciliação entre as responsabilidades laborais e o apoio à família, parecia e criava até a ilusão de que, com a
pandemia e o primeiro confinamento, tinha sido facilitado, depois, rapidamente se percebeu que o efeito era
exatamente o contrário.
O facto de, de repente, as famílias se encontrarem juntas em casa — as crianças porque não podiam ir à
escola e os pais porque não podiam ir trabalhar — parecia fazer com que todos estivessem mais próximos,
todos se pudessem ajudar e a vida familiar corresse melhor.