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I SÉRIE — NÚMERO 50

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alcançar um conteúdo favorável aos interesses nacionais, o que mais preocupa a Sr.ª Ministra é alcançar um

acordo durante a Presidência portuguesa, seja ele qual for, seja bom ou mau para a agricultura do nosso País.

Sr.ª Ministra, dentro do que é a posição do Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia, considera

que há matérias que se poderiam melhorar ou, no seu entendimento, está tudo perfeito para os interesses da

agricultura nacional? É que os agricultores portugueses reclamam desta Presidência um compromisso firme e

decisivo para um modelo social de agricultura, de forma a combater a pandemia, mas também a lidar com a

reconstrução económica e social que é preciso fazer e sem esquecer, naturalmente, os desafios da

sustentabilidade ambiental. Era importante sabermos se os agricultores podem contar com o Governo nesta

reivindicação, que é mais do que justa.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado André Ventura, do

Chega.

O Sr. André Ventura (CH): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra da Agricultura: Ouvimos o Sr. Deputado Pedro

do Carmo dizer que, quando os agricultores precisaram, o Governo disse «presente» e que, quando o País

precisou, os agricultores disseram «presente». É curioso, porque não é essa a informação que recebemos aqui,

todos os dias, no Parlamento. Ainda hoje, mais uma associação de municípios, a CIM Douro (Comunidade

Intermunicipal do Douro), disse — e cito — que repudia veementemente o Plano de Recuperação e Resiliência

apresentado pelo Governo socialista. É curioso que mais de 60% das associações de municípios rejeitem o

vosso plano para a agricultura e que venham aqui dizer que toda a gente disse «presente» e que toda a gente

está de acordo, a bater palmas, com o plano que apresentaram.

Mas também era importante dizer o seguinte, Sr.ª Ministra: até hoje, a única ajuda real que deu aos

agricultores foi o adiantamento das verbas da PAC. Esta é a verdade indisfarçável, que não tem como maquilhar

em termos contabilísticos: a única ajuda que chegou foi o adiantamento das verbas da PAC, nenhuma iniciativa

do Governo, nenhum apoio do Governo, nenhum apoio da máquina executiva.

Sr.ª Ministra, questiono-a ainda sobre a digitalização, porque, há um mês e meio, disse que era uma tarefa

fundamental do seu Governo e, chegados aqui, estamos mais atrás do que a maior parte dos países europeus

em matéria de digitalização da agricultura. Faz-me lembrar uma outra Ministra da Agricultura, que talvez seja a

mesma que está hoje aqui sentada, que disse, em maio…

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. André Ventura (CH): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.

Como dizia, faz-me lembrar uma outra Ministra da Agricultura, que talvez seja a mesma que está hoje aqui

sentada, que disse, em maio, «não se preocupem, porque 80% dos novos agricultores estarão em breve no

interior». Estamos em 2021, Sr.ª Ministra, e não estão no interior 80%, nem 70%, nem 60%, nem 50%, nem

40%. Isto, sim, devia preocupá-la.

A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Dias, do

Grupo Parlamentar do PCP.

O Sr. João Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Ministra da Agricultura, Srs. Deputados: Antes de mais,

gostaria de dizer à Sr.ª Deputada Catarina Rocha Ferreira que, por momentos, tive a ténue esperança de que

se preocupasse com a questão central da agricultura, que é a dos preços pagos à produção, mas, de facto, não

teve uma palavra, nem sequer se preocupou com aquele que é o comportamento da grande distribuição, que

esmaga os preços aos produtores. Esta é uma questão central, mas a Sr.ª Deputada mostrou ao que veio,

preocupada com os milhões de Bruxelas, em distribuí-los pelos mesmos de sempre, que são os grandes

agricultores. Foi isso que a Sr.ª Deputada aqui nos trouxe.

Aliás, no que à agricultura diz respeito, PSD e Governo são irmãos gémeos ou, permita-me até que lhe diga,

são irmãos siameses, estão ligados umbilicalmente nas políticas que escolhem. Não temos dúvidas, porque vão

beber ao mesmo sítio. Tanto o Governo como o PSD decidem as suas políticas, no que diz respeito à agricultura,