12 DE MARÇO DE 2021
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à mesa da confederação dos grandes agricultores e da Comissão Europeia, e é por isso que não fazem diferença
nas suas opções.
Sr.ª Ministra, naturalmente, tenho de a questionar sobre o estatuto da agricultura familiar. A Sr.ª Ministra não
está só a faltar àquela que é a lei da Assembleia da República, a Sr.ª Ministra não está só a faltar ao
compromisso com o PCP, na luta que teve para a concretização do estatuto da agricultura familiar — e tanto
que o PCP lutou! A Sr.ª Ministra está também a faltar aos agricultores familiares na concretização das medidas
necessárias para que o estatuto da agricultura familiar faça, de facto, sentido na vida dos agricultores familiares.
E, por isso, questiono, desde logo: que medidas para a concretização deste estatuto da agricultura familiar e
para quando?
Quanto à eletricidade verde, Sr.ª Ministra, este Governo fez da única medida para a agricultura constante do
Orçamento Suplementar um completo absurdo, porque apenas apoiou a taxa do contador, e por poucos meses,
por acaso os meses em que menos energia elétrica é consumida. Foram estas as migalhas!
Sr.ª Ministra, os agricultores sabem quem lutou e quem apresentou a proposta. Os agricultores sabem que
foi o PCP que apresentou a proposta da eletricidade verde e que tem lutado por ela ao longo dos anos.
Mas os agricultores também sabem que foi o Governo que os defraudou, no momento em que ela era mais
necessária. Perante a pandemia, era necessário um apoio relativo aos custos dos fatores de produção e a Sr.ª
Ministra virou-lhes as costas.
Por isso, queremos saber, Sr.ª Ministra, quantos agricultores se candidataram e que verbas teve,
efetivamente, este apoio. Ao fim e ao cabo, qual foi a verba envolvida?
Sr.ª Ministra, quanto à PAC, ao período de transição e, naturalmente, ao processo de convergência das
ajudas, a questão que vou lhe colocar não invalida que a Sr.ª Ministra venha a esta Assembleia responder ao
requerimento que o PCP apresentou em dezembro! No dia 4 de dezembro de 2020, o PCP requereu a presença
da Sr.ª Ministra, para esclarecer o período de transição e a questão da convergência.
Sr.ª Ministra, foi publicada a Portaria n.º 33/2021 e o seu artigo 5.º é muito preocupante. Agradecemos que
a Sr.ª Ministra esclareça quem é que vai ficar a ganhar, neste período de transição e, nomeadamente, no
processo de convergência. Quanto vão perder os pequenos e médios agricultores do minifúndio e quanto vão
ganhar os grandes agricultores latifundiários, com este processo de convergência a 100% que a Sr.ª Ministra
está a querer levar a cabo? Quantas explorações do sul vão beneficiar com isto?
Sr.ª Ministra, o setor leiteiro é uma preocupação muito grande e, mais uma vez, uma prova de que o Governo,
o PSD e o CDS vivem umbilicalmente nas suas opções. Não podemos esquecer as suas opções!
Hoje, «outro galo cantaria» se tivéssemos as quotas leiteiras e os nossos produtores leiteiros teriam outras
condições. Aliás, hoje teríamos muito mais produtores leiteiros do que os que temos. Milhares de explorações
foram encerradas por causa das opções do PS, do PSD e do CDS quanto ao fim das quotas leiteiras. Está
previsto um desastre autêntico para os produtores leiteiros!
A Sr.ª Ministra saberá, certamente, quanto subiram, num só mês, os preços especulativos dos cereais e das
rações. Mais de 10%, Sr.ª Ministra! Que medidas vão apresentar para apoiar esta área, que é fundamental, da
alimentação dos animais?
E quanto às consequências da pandemia, nomeadamente para os agricultores e os produtores? Nos
relatórios sobre a aplicação do estado de emergência, está sempre tudo bem, Srs. Deputados. O Governo fecha
o canal Horeca, há encerramento de restaurantes, os canais de escoamento estão completamente
obstaculizados, mas, para o Governo, está sempre tudo bem.
Sr.ª Ministra, como é que fica o País, em termos de soberania alimentar, de produção nacional e de
segurança alimentar?
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. João Dias (PCP): — Termino, Sr.ª Presidente, dizendo à Sr.ª Ministra que as suas políticas para os
mercados e para a agricultura exportadora não são aquelas de que o País precisa. O País precisa de incentivos
para a produção nacional e apoios aos pequenos e médios agricultores.
Aplausos do PCP e do PEV.