I SÉRIE — NÚMERO 50
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A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Não fora isso, estaríamos muito solidários. Com esta ausência, não
podemos estar!
Dito isto, Sr.ª Ministra, depois de ouvir aqui uma quantidade de comentários, nomeadamente do Sr. Deputado
Francisco Rocha, folgámos em descobrir que no PRR, para a agricultura, o enormíssimo investimento no
território, em 95% do território, é de 93 milhões de euros mais 73. Números seus, não são meus! «Peanuts!»,
como diria um conhecido treinador de futebol! É este o valor que se dá ao mundo rural. É uma mão cheia de
nada! Não se lhe oferece nada!
Aplausos do PSD.
Nós compreendemos que assim seja. Sabe porquê, Sr.ª Ministra? Realmente, cada vez mais, como, aliás,
disse o professor Cordovil, muito ligado ao partido que apoia V. Ex.ª, quando deixou o grupo de trabalho, há
uma completa desligação da realidade.
Sr.ª Ministra, para os urbano-depressivos, como atualmente se diz, e para a visão idílica de uma agricultura
que não existe para aquilo que é o território real, acredito que isso agrade.
Protestos do Deputado do PCP João Dias.
Como agradam aqueles programas de televisão que maltratam completamente o mundo rural e que nos
deixam indignados — e nem uma palavra da Sr.ª Ministra a defender o seu setor!
Habituou-nos a esta ausência, Sr.ª Ministra.
O Sr. João Dias (PCP): — Vamos falar de agricultura?!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Diz-nos, diariamente, que é disruptiva, que é inovadora. É disruptiva em
quê, Sr.ª Ministra? No vazio de ideias, de políticas, de falta de futuro, de falta de perspetiva? De atacar tudo o
que mexe e que é rentável na nossa agricultura? É essa a disrupção?!
Vamos falar da água e de regadio, Sr.ª Ministra.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares: — É melhor, sim!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — A EDIA a avaliar as necessidades de regadio?!
Sr.ª Ministra, não podemos deixar de lhe perguntar: também pretende acabar com a Direção-Geral de
Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) como fez com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária? É
isso Sr.ª Ministra? Não se compreende de outra maneira que a empresa do Alqueva vá avaliar o regadio
nacional, a não ser que tenha alguma intenção.
Mais: vemos atacar imenso as culturas intensivas e de regadio, que são aquelas que lhe dão a balança
comercial que a Sr.ª Ministra hoje aqui veio trazer-nos e da qual veio orgulhar-se. Mas, simultaneamente, são
essas as que pretende acabar, ao acabar com as culturas de regadio.
Sr.ª Ministra, o que é que nós temos? É um problema de desperdício, de mau aproveitamento ou de falta de
água? Isto porque o que todos dizem é que temos um problema de aproveitamento da água. E o que é que nos
oferece? Um Plano Nacional de Regadios, que é mais do mesmo e que nem sequer se deu ao trabalho de
ajustar às novas necessidades.
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Portanto, esse é o problema!
Mais: fala-nos todos os dias em território ordenado. O que é que nós temos para o cadastro territorial, Sr.ª
Ministra? Migalhas, mais uma vez! Não chega, nem de longe nem de perto, para levar a cabo aquele
pseudocadastro, Sr.ª Ministra, porque nem cadastro é. Não dá para nada, mas é isso que nos vem anunciar em
termos de ordenamento do território.