26 DE MARÇO DE 2021
43
Ora, prevê-se que a imunidade de grupo só será atingida no final do verão, como tem sido repetidamente
dito pelo Sr. Primeiro-Ministro, com base na avaliação dos especialistas e dos responsáveis pelo plano de
vacinação. Não foi o PSD que afirmou que a imunidade de grupo só seria alcançada no final do verão, foi o
Governo que estabeleceu esse calendário.
Também o Sr. Ministro da Administração Interna reconheceu há pouco tempo que estas eleições se poderiam
realizar em dois fins de semana devido à pandemia, isto é, reconheceu o problema.
Assim sendo, seria avisado que a data das próximas eleições autárquicas pudesse ser adiada, a título
excecional, por 60 dias.
Como é sabido, nos termos da lei, as eleições autárquicas devem realizar-se entre 22 de setembro e 14 de
outubro de 2021. O que propomos é que, excecionalmente, e em derrogação do previsto na lei, este ano, por
força da pandemia, estas eleições se possam realizar entre os dias 22 de novembro e 14 de dezembro de 2021.
Isso permitiria ao Governo marcá-las por decreto num de três domingos possíveis: 28 de novembro, 5 ou 12 de
dezembro de 2021.
Na verdade, desde 1976 e até 2001, inclusive, as eleições autárquicas sempre se realizaram em dezembro.
Deste modo, não procede o argumento de que estas eleições não devem realizar-se no inverno, quando assim
o foram durante 25 anos, ainda com maior participação eleitoral do que atualmente.
Acresce que a razão de ser da nossa proposta de adiamento se fundamenta na situação absolutamente
extraordinária e excecional que vivemos atualmente, sendo preferível realizar estas eleições no inverno, com a
certeza de que a pré-campanha e a campanha decorrerão com a proteção conferida pela imunidade de grupo,
do que no início do outono, quando sabemos que só no final do verão é que essa imunidade será atingida.
Ao propormos o adiamento das eleições para dezembro procura-se que estas se realizem com a máxima
serenidade e o mínimo de constrangimentos possível, numa altura em que a imunidade de grupo já se
encontrará adquirida e consolidada, o que representará uma maior garantia de segurança quanto aos moldes
em que as mesmas decorrerão, de modo a salvaguardar, tanto quanto possível, a necessária proximidade entre
candidatos e eleitores, tão característica destas eleições. A isto chama-se reforçar o regime democrático,
aumentando a participação eleitoral e, consequentemente, reduzindo a abstenção.
Também não colhe o argumento de que o PSD pretende adiar estas eleições para encontrar solução para
as suas dificuldades internas, como foi informado pelo Partido Socialista, quando já temos três quartos dos
candidatos anunciados e esperamos, no final de março, ter a sua totalidade. Talvez o PS não estivesse à espera
desta dinâmica do PSD.
Vem agora o Partido Socialista afirmar, pela voz do mesmo protagonista, que este adiamento não serve os
interesses democráticos. Então, defender a democracia e o regime democrático não é criar condições para
aumentar a participação eleitoral? Não é criar condições para aproximar candidatos e eleitores, dando
oportunidade ao debate de ideias e à campanha de proximidade?
Não entendemos este argumento, ou melhor, o Partido Socialista entende que serve melhor o interesse
democrático se a campanha for feita com constrangimentos e limitações, em suma, se for uma campanha fraca.
Sr.as e Srs. Deputados, o argumento real é puramente partidário e não tem a ver com a realidade da
democracia. O PS tem mais presidências de câmara e não quer a oposição a fazer campanha, para mais
facilmente as poder manter.
Deve assumir, o Partido Socialista, que não quer o adiamento das eleições autárquicas por razões
meramente partidárias e de tática política. Esta é a verdadeira razão para não querer o adiamento das próximas
eleições autárquicas.
O PSD afirma o contrário: o adiamento das eleições serve as populações, permite andar na rua a fazer
campanha em total proximidade com os cidadãos e, ao propor este adiamento por 60 dias, a nossa proposta
permite mais democracia e assegura um debate de ideias e a proximidade com as populações.
E, num tempo em que, no final de cada ato eleitoral, como se vê nas legislativas, presidenciais e europeias,
a maior crítica à democracia é a falta de participação eleitoral e o consequente aumento da abstenção, o PSD,
com a devida antecedência, apresenta esta proposta de adiamento das eleições autárquicas por 60 dias.
Na votação final, cada partido assumirá as suas responsabilidades. Nós assumiremos as nossas.
Aplausos do PSD.