I SÉRIE — NÚMERO 52
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Mas este relatório, Sr.ª Ministra, ignora também o facto mais importante de todos: foi durante este período
que os fundos do APOIAR.PT e do APOIAR RESTAURAÇÃO chegaram ao fim e o Governo não teve outra
resposta senão «já não temos mais dinheiro para ajudar».
E, também pela 18.ª vez, volto a fazer a mesma pergunta ao Governo — vou terminar, Sr. Presidente —:
quantos estabelecimentos de hotelaria e de restauração fecharam, faliram, neste período? Este é um dado que
o Governo continua a não querer dar ao Parlamento e que acho que merecia ser dado neste momento.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, de Os Verdes.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Hoje
discutimos dois períodos da aplicação do estado de emergência.
Se no primeiro confinamento tudo era desconhecido, este início do ano de 2021, quando já se revela um
enorme cansaço provocado pela pandemia, pelo isolamento, pela conjugação do trabalho com as
responsabilidades familiares, tornou-se pesado e intenso.
Por isso, esperávamos que, passado um ano de pandemia, se optasse por analisar questões que estão
intrinsecamente ligadas a ela. Falo, por exemplo, Sr.ª Ministra, das questões da saúde mental, sobretudo das
consequências da fadiga pandémica.
Já não esperávamos que estes relatórios fossem ao ponto de descrever todas as dificuldades e desafios do
SNS, mas que, ao menos, estivesse refletida a forma como o Governo está a lidar com os problemas de saúde
mental, até porque estes são aspetos analisados nas reuniões que temos com os especialistas.
Com tantas páginas escritas é estranho que não estejam aqui as dificuldades que são encontradas no terreno
e que necessitam, como Os Verdes já trouxeram vezes sem conta a esta Casa, de uma atuação mais robusta.
Ou será que o Governo não dá conta dessas dificuldades?
A mesma coisa sucede com a mobilidade, com os transportes públicos. Para Os Verdes constitui uma
preocupação a realidade que se vive nos transportes públicos, que deveriam ser reforçados durante todo este
período, com a perspetiva de se ganharem raízes para o futuro. Nos grandes centros urbanos esta é uma
dificuldade acrescida, mas ela também se coloca nas regiões do interior, onde a falta de transportes impede o
exercício do direito à mobilidade e o acesso ao exercício de outros direitos. Nestes relatórios apenas
encontramos referência à região de Lisboa e Vale do Tejo, o que pode levar a concluir que, para o Governo,
este não é um problema no restante território.
Hoje voltaremos a reiterar a nossa posição: não é com a declaração do estado de emergência que os
portugueses se protegem e protegem o outro. Os números baixos do presente devem-se ao comportamento dos
portugueses, mas, infelizmente, as opções deixaram de ser pedagógicas para passarem a ser punitivas. De 249
coimas no início de janeiro passámos a 9789 coimas, no relatório de 15 de fevereiro a 1 de março.
Uma das conclusões que podemos retirar é que, em 10 milhões de portugueses, estes números ainda não
são preocupantes. Mas será que o Governo acredita que é com multas que os portugueses compreenderão
estas medidas de segurança que terão de ficar, algumas, mesmo depois da vacinação de grande parte da
população? São medidas repressivas a que se vem dando maior impacto mediático, num momento em que os
portugueses estão cansados, em que se sentem injustiçados, em que veem prolongadas muitas medidas que
nem sempre são de fácil compreensão e em que a fadiga pandémica se instala.
A questão que se põe é a de saber se o Governo pensa que é perseguindo jovens que estão a fazer desporto
na rua ou um piquenique no meio de uma mata nacional que se combate a epidemia. Os Verdes não partilham
dessa visão.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção pelo Grupo Parlamentar do PAN, a Sr.ª Deputada
Bebiana Cunha.
A Sr.ª Bebiana Cunha (PAN): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Estes
relatórios evidenciam que se conseguiu alcançar uma redução do número de pessoas em internamento
hospitalar, o que é evidentemente positivo, mas alertam-nos para um outro pico, o das necessidades de
reabilitação das pessoas que tiveram doença mais grave, que tende a ser longo e difícil e que terá de encontrar