1 DE ABRIL DE 2021
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Em setembro, realizam o seu festival, o único «festival offshore» do País, e regressam em outubro cheios de
ideias.
E em novembro, o que é que os senhores fazem? Utilizando uma expressão da Sr.ª Deputada, como é que
o PCP se «posiciona na hora da verdade»?
Em novembro, os senhores viabilizam e validam os Orçamentos do Governo e do Partido Socialista, como
tem acontecido nos últimos anos.
É este, Sr.as e Srs. Deputados, o guião anual do PCP e é cumprido assim, escrupulosamente, todos os anos,
até em ano de pandemia. Quando todos os portugueses estavam confinados, não houve pudor em fazer
comemorações e celebrações, e já vieram falar na limitação da atividade sindical e nos direitos de fazer política
para preparar o terreno para o que aí vem.
Mas o que é facto, Sr.as e Srs. Deputados, é que, nos últimos seis anos, o PCP tem viabilizado os Orçamentos
que têm, precisamente, impedido a aplicação das políticas que vêm reafirmar. Têm sido Orçamentos de
cativações, de subfinanciamento dos setores públicos e de austeridade encapotada. Recordo que 2020, Sr.as e
Srs. Deputados, foi o ano da maior carga fiscal aplicada à carteira dos portugueses e à tesouraria das empresas.
As minhas perguntas são simples. Sr.ª Deputada, não parece a V. Ex.ª que estas matérias que nos trouxe,
e bem, são de extrema importância? A política social, os direitos dos trabalhadores e os direitos laborais não
assumem uma importância tal que merecem ser discutidos em sede de concertação social? Não parece a V.
Ex.ª que estas políticas devem resultar, portanto, de um compromisso alargado na sociedade, entre os parceiros
sociais, os trabalhadores e o Governo?
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Peço-lhe para terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada, para que conste, a CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses), que,
normalmente, é o mesmo que o PCP, nunca na história de Portugal assinou um único acordo de concertação
social.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Não havendo mais inscrições para pedidos de esclarecimento, para
responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alma Rivera.
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Sr. Presidente, agradeço, desde já, as perguntas feitas pela Sr.ª Deputada
Bebiana Cunha, pelo Sr. Deputado Pedro Delgado Alves e pela Sr.ª Deputada Sandra Pereira, pois dão-nos a
oportunidade de falar sobre um tema que nos tem sido muito caro e que nos tem preocupado muito, que é,
exatamente, o da situação das micro, pequenas e médias empresas.
Aliás, desde o primeiro momento, o PCP tem procurado alargar estes apoios, fazendo com que eles não
sejam atribuídos a quem mais tem nem sejam absorvidos, na sua maioria, como o foram, por grandes empresas
que deles não necessitam como precisam as micro, pequenas e médias empresas, que, de um momento para
o outro, viram simplesmente os seus rendimentos desaparecer.
Por isso mesmo, batemo-nos para acabar com as discriminações nos apoios a estas empresas, que eram
feitas, por exemplo, às empresas que não tinham a contabilidade organizada — porque a lei o permite,
naturalmente —, que ficavam automaticamente excluídas.
O PCP interveio para corrigir esta situação e, por isso, batemo-nos pelo alargamento desses apoios.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Relativamente ao que foi dito, o PCP orgulha-se de ter permitido que 280 000
trabalhadores estejam a receber, neste momento, a 100%, pessoas estas que viram os seus rendimentos
dramaticamente cortados, e de ter contribuído de forma decisiva para criar novos apoios extraordinários para a
contratação de trabalhadores para o Serviço Nacional de Saúde.