I SÉRIE — NÚMERO 53
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Deputada fez aqui parecer crer. Os resultados, sabemo-lo, são duros, mas é essa a responsabilidade que todos
temos: enfrentar a realidade. Assumimos por inteiro que esse é um combate inacabado e que honraremos
sempre.
Mas, Sr.ª Deputada, devo dizer também que há um terceiro momento que marca esta semana e que diz
respeito ao anúncio, ontem feito, de contratação de mais 2000 assistentes operacionais para as nossas escolas,
em cumprimento, aliás, do Orçamento do Estado,…
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Ora bem!
O Sr. Tiago Estevão Martins (PS): —… que, como bem sabe, o Bloco de Esquerda não acompanhou.
Sr.ª Deputada, são três momentos decisivos, nesta semana: vacinação das comunidades escolares,
apresentação do estudo sobre os impactos da pandemia que balizará medidas a tomar, abertura do concurso
para mais 2000 assistentes e técnicos operacionais e, contudo, a Sr.ª Deputada veio fazer um exercício como
se começássemos do zero.
Por isso, a pergunta que gostava de lhe fazer, uma vez que decidiu, na sua intervenção, terraplanar estes
três momentos, é no sentido de tentar, fundamentalmente, perceber algo que não bate totalmente certo no seu
discurso. Há, certamente, muita coisa por fazer, mas, sempre que a oiço, oiço que a escola pública é
extraordinária, mas que está sempre tudo mal.
Assim, para percebermos os pontos de convergência, gostava de lhe perguntar quais considera serem os
fatores de sucesso da escola pública.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para responder, tem a palavra, de novo, a Sr.ª Deputada Joana
Mortágua.
A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Tiago Estevão Martins, a escola pública tem
uma capacidade de resiliência enorme e o Bloco de Esquerda sempre trouxe aqui aquilo que achava serem as
medidas fundamentais para apoiar essa capacidade de resiliência num momento como este.
Estivemos muitas vezes, não só o Bloco de Esquerda, e já foi aqui dito neste debate parlamentar, à frente
do Governo na identificação dos problemas. Quando o Bloco de Esquerda, no final do ano letivo passado, disse
«atenção que vai ser preciso um reforço de funcionários», o Governo não quis ouvir e foi contratando aos
bochechos, pouco a pouco, à medida que as escolas iam dizendo «não aguentamos mais».
Quando o Bloco de Esquerda veio dizer «atenção, é preciso reforçar as equipas de saúde pública, porque as
escolas não têm especialistas em saúde pública para fazer planos de contingência», isso não foi ouvido. E a
verdade é que houve muitos problemas identificados pelas escolas que se sentiram, de certa forma,
abandonadas porque não tinham competências técnicas para fazer planos de contingência de saúde pública.
Quando viemos alertar dizendo «atenção que é preciso diminuir o número de alunos por turma para que haja
segurança, para aumentar o distanciamento físico; atenção que está na altura de começar uma testagem em
massa também na escola e aumentar a transparência sobre esses resultados», em todas essas matérias, o
Governo — é verdade! — andou a correr atrás do prejuízo.
Repare-se que até para a contratação dos funcionários, que resulta da revisão de uma portaria de rácios,
acordada com o Bloco de Esquerda para o Orçamento de 2020, foi preciso esperar sete meses, já em pandemia,
para a portaria chegar a ser vista, quanto mais para a sua autorização. Muitos deles ainda não estão nas escolas
e estamos a falar do Orçamento do Estado para 2020!
Portanto, sim, em muitas matérias, o Governo pôs à prova a capacidade de resiliência das escolas para
conseguirem enfrentar este tempo de pandemia.
E já não vou falar dos computadores em relação aos quais ninguém obrigou o Sr. Primeiro-Ministro a
prometer que estariam entregues a todos os alunos no início do ano letivo. Ninguém o obrigou a fazer essa
promessa, mas o Sr. Primeiro-Ministro fê-la e não a cumpriu.
Queria referir-me também às questões colocadas pela Sr.ª Deputada Bebiana Cunha, do PAN, e pela Sr.ª
Deputada Mariana Silva, do PEV. Rapidamente, sobre precariedade, em primeiro lugar, Sr.ª Deputada Bebiana