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I SÉRIE — NÚMERO 53

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Esses investimentos eram necessários, em primeiro lugar e desde logo, para tentar impedir ou adiar ao

máximo a suspensão das aulas presenciais, porque sabemos que há um ponto a partir do qual o aprofundamento

das desigualdades é inevitável e só passamos a tentar controlar o quanto elas se agravam, que é o ponto em

que as crianças vão para casa e a escola deixa de funcionar como equalizador dessas desigualdades.

Foi por isso que, no verão, insistimos, por exemplo, na necessidade de diminuir o número de alunos por

turma. Um projeto do Bloco de Esquerda sobre este tema vai ser discutido hoje, em conjunto com projetos de

outros partidos, incluindo do PCP também, sendo essencial para garantir o distanciamento físico, mas também

para garantir ou, pelo menos, tentar maximizar o acompanhamento personalizado dos alunos.

Foi por isso que insistimos tanto na contratação de funcionários para as escolas, porque vimos como, no ano

passado, a pandemia chegou e, em junho, não havia reforço do número de funcionários nas escolas. Foi só já

depois do final do ano letivo que o Governo contratou os primeiros 500; depois, teve de chegar a setembro para

reforçar com mais 1500; e, depois, foi preciso chegarmos a janeiro para autorizar a contratação de mais 3000.

E andou, assim, o Governo a correr atrás do prejuízo, aliás, tal como sucedeu na testagem, em matérias que

eram previsíveis, que eram evitáveis e que necessitavam de investimento básico, de investimento mínimo, na

escola pública. Agora, precisamos de muito mais do que de investimento mínimo, precisamos de investimento

máximo para fazer face a todas as consequências desta pandemia na educação dos jovens.

Ora, isto significa também um trauma coletivo. Não sei o que é que a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa quer

dizer com «focar os alunos nas disciplinas essenciais, em vez de os distrair e de os compensar

emocionalmente».

A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Não foi isso que eu disse! Não percebeu bem!

A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Nós estamos a viver o maior trauma coletivo das nossas vidas, com

consequências profundas na saúde mental das crianças. Não podemos estar a olhar só para o Português e a

Matemática, que, certamente, terão de ser compensados, como outras disciplinas. Mas a Sr.ª Deputada deu a

entender que os alunos têm de voltar a saber contar e a saber ler e que mais nada importa, como se não

tivéssemos níveis de degradação da saúde mental que são incomparáveis, do ponto de vista da nossa memória,

do nosso tempo de vida.

A Sr.ª Deputada apontou como defeito o que eu considero um elogio, quando disse que o Bloco de Esquerda

é muito reivindicativo. Com certeza que somos, temos muitas propostas, temos soluções para a escola pública,

a maior parte das quais, aliás, foram aqui bloqueadas pelo CDS.

Termino com a mesma avaliação e o mesmo comentário em relação ao PSD e à Deputada Cláudia André.

Partilhamos da identificação dos falhanços deste Governo em relação àquilo em que se podia ter feito mais e

não se fez. Mas a verdade é que, sempre que o Bloco de Esquerda trouxe propostas para reforçar a escola

pública em tempos de pandemia, no início do ano letivo ou ao longo deste ano, elas foram bloqueadas, no

Parlamento, pelo voto do PSD, fossem sobre as condições de trabalho dos professores, fossem sobre a

diminuição do número de alunos por turma, fossem sobre o apoio a professores deslocados.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada, tem de terminar.

A Sr.ª Joana Mortágua (BE): — Termino, Sr. Presidente, acrescentado que este bloqueio, pelos vistos, foi

contra as próprias palavras de Rui Rio, que disse que a carreira docente é absolutamente estratégica para o

País e que, qualquer dia, os professores andam a pagar para trabalhar.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Dou agora a palavra à Sr.ª Deputada Mariana Silva, do PEV, para

pedir esclarecimentos.

A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr. Presidente, começo por cumprimentar a Sr.ª Deputada Joana Mortágua.