O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1 DE ABRIL DE 2021

37

A outra vacina de que a escola pública precisa é o investimento. O programa de recuperação de que o País

precisa tem de cumprir o desafio do Secretário-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e aumentar

substancialmente o investimento em educação, tem de confiar nos professores e reforçar a escola pública, tem

de chegar às aprendizagens, mas também à saúde mental e às competências emocionais, sociais e físicas das

crianças.

O próximo verão é essencial. Depois de um inverno de confinamento, a última coisa de que as crianças

precisam é de passar o verão em casa ou em frente a um ecrã. Mais uma vez, é aqui que tudo se decide: as

desigualdades sociais podem ser agravadas ou contrariadas por políticas públicas.

O Governo deve reforçar a oferta pública de atividades lúdicas e desportivas durante as férias. O regresso a

atividades coletivas acompanhadas é essencial para mitigar o impacto do confinamento na saúde mental dos

mais novos, mas não dispensa o investimento em técnicos especializados em educação inclusiva e uma ligação

estreita ao Programa Nacional para Saúde Mental, com reforço de profissionais de saúde nos cuidados de saúde

primários.

É preciso começar a atenuar o efeito da crise socioeconómica sobre os alunos e as suas famílias com o

reforço da ação social escolar.

Por último, as aprendizagens. Menos matéria e mais recursos, parece ser a receita com que todos

concordam. Têm sido muitas as vozes que pedem racionalização dos currículos e flexibilização da avaliação, e

esse é também o alerta do Bloco de Esquerda: é impossível que a escola faça o que tem a fazer se estiver

obcecada a correr atrás dos programas.

Não podemos ter uma escola a várias velocidades. Este é o tempo certo para começar uma revisão dos

currículos e dos programas que respeite o perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória e as aprendizagens

essenciais, que não são nem nunca podem ser confundidas com o primarismo conservador das «disciplinas

essenciais».

Em segundo lugar, este é o tempo para levar a sério a proposta de redução do número de alunos por turma

e todas as medidas que promovam a personalização da educação, como os desdobramentos e as coadjuvações.

Se aceitamos o diagnóstico de que o impacto da pandemia é desigual, temos a obrigação de garantir que o

acompanhamento é centrado nas necessidades individuais de cada aluno e de cada aluna.

Em terceiro lugar, precisamos de professores. As promessas de rejuvenescimento e renovação do corpo

docente feitas pelo Governo não passam de uma miragem. Para o Partido Socialista parece que nunca é tempo

para enfrentar a falta estrutural de professores na escola pública. Parece aquela a música dos Deolinda: «Agora

não, que falta um impresso / Agora não, que o meu pai não quer / Agora não, que há engarrafamentos / Vão

sem mim, que eu vou lá ter!»

Há mais de 30 000 professores precários no sistema, há docentes que saíram do sistema. Se queremos um

programa de recuperação robusto, precisamos de todos. É preciso uma vinculação extraordinária de docentes

e é preciso aprovar um regime de incentivos a professores deslocados.

Sr.as e Srs. Deputados, o que se pede ao Governo é humildade e coragem. Humildade, porque é tempo de

aprender com os erros do verão passado; coragem, porque não se pode adiar o investimento de que a escola

pública precisa.

As escolas precisam de autonomia para identificar as necessidades e receber os recursos que identificam

como necessários sem ter de regatear tostões com o Ministério da Educação. O Primeiro-Ministro prometeu que

todos os alunos, todas as escolas, teriam um computador. O Governo prometeu uma tarifa social de internet.

Onde estão essas promessas?

O desafio é o de cumprir o apelo de António Guterres: investir na escola pública e não deixar ninguém para

trás.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Para pedir esclarecimentos, tem agora a palavra a Sr.ª Deputada

Ana Paula Bessa, do CDS-PP.

A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, confundiu-me por uns instantes. O meu nome é Ana

Rita Bessa, mas suponho que se referisse a mim.