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I SÉRIE — NÚMERO 53

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Queria começar por saudar o Bloco de Esquerda por ter trazido este tema a debate, embora sempre na

abordagem que lhe é própria, reivindicativa,…

A Sr.ª Mariana Mortágua (BE): — Como se isso fosse mau!…

A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — … manifestando algumas preocupações e apresentando soluções com

as quais, em geral, não estamos de acordo.

De facto, veio a público um estudo realizado pelo Ministério da Educação — não deixa de ser paradoxal que

seja um estudo on-line para verificar as dificuldades do ensino on-line, precisamente, mas, enfim, de qualquer

das formas, é um ponto importante de discussão —, de que resultou um conjunto de indicadores preocupantes

sobre as aprendizagens dos alunos durante os sete meses em que, na verdade, já estiveram em casa, em

ensino à distância: resultados maus do ponto de vista da literacia e da leitura de informação por parte dos alunos

do 6.º ano, resultados preocupantes a Matemática no 9.º ano, resultados preocupantes na literacia científica

quer no 6.º quer no 9.º ano.

Perante estes resultados, o que decidiu o Governo? Poderia ter decidido, como noutros países, um conjunto

de medidas extraordinárias de recuperação das aprendizagens, poderia ter adensado as tutorias, ter alterado

ou encurtado o tempo de férias, ter aumentado os horários letivos para o próximo ano. Mas não, o Governo

decidiu fazer um grupo de trabalho para ir pensar e meditar sobre estes resultados e, no outro ano a seguir, em

cima de dois anos letivos de dificuldades de aprendizagens, decidir, então, o que se pode vir a fazer para

recuperar as aprendizagens destes alunos.

Gosto sempre de que haja tempo e calma nas decisões, mas, sinceramente, parece-me que do que estas

crianças precisam é de soluções — não de reivindicações, não de preocupações, não de grupos de trabalho,

mas de ações concretas.

Portanto, para além da redução do número de alunos por turma, da retirada dos exames, da preocupação

com as questões da saúde mental, a Sr.ª Deputada e o Bloco de Esquerda acompanham a necessidade do

reforço daquilo que a escola deve e pode fazer, que é ensinar conteúdos como Português, Matemática, História

e outros, ou entendem que, não, o que temos de fazer com os alunos é distraí-los e compensá-los

emocionalmente e deixar tudo o mais para outra altura, outros tempos, quem sabe, depois de vários grupos de

trabalho?

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Muito obrigado, Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, e não Ana Paula

Bessa, conforme eu disse há pouco.

Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Cláudia André, do PSD, para pedir esclarecimentos.

A Sr.ª Cláudia André (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, saúdo o Bloco de Esquerda por ter trazido

a educação a este debate.

O futuro e o sucesso económico de um país dependem da qualidade da educação que este oferece aos seus

alunos. Os alunos portugueses serão os homens e as mulheres de amanhã e, por isso, merecem muito mais do

que aquilo que têm recebido da parte do Ministério da Educação e do Ministro da Educação.

Este Ministro corre atrás do prejuízo, este Ministro traz falhas nas respostas aos confinamentos — ainda

estamos à espera dos 335 000 computadores prometidos em janeiro e que chegariam até ao final de março,

sendo que hoje acaba março e as escolas ainda não os têm — e também falha, depois, no planeamento das

aprendizagens, aquando do regresso à escola.

Já conhecemos bem os programas de recuperação de muitos países, como França, Inglaterra, Espanha,

Irlanda e muitos outros. E nós? E Portugal? Nada sabemos! Sabemos apenas que será criado um grupo de

trabalho. Bem, mais vale tarde que nunca, mas também há oportunidades que se ganham e que nunca mais se

podem recuperar.

Os alunos portugueses merecem um Ministro capaz de antecipar, capaz de planear estrategicamente

medidas de fundo e capaz de responder às suas necessidades. Até à data, conhecemos promessas,

conhecemos anúncios e conhecemos muitas histórias de faz-de-conta, que são vendidas sempre que um ano

letivo ou um período letivo se iniciam. O facto, todos nós sabemos, é que, no terreno, isso falha, apesar de os

pais, os encarregados de educação, os professores trabalharem arduamente para que tal não aconteça.