1 DE ABRIL DE 2021
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Quanto à questão dos impostos, sempre dissemos que os impostos que estavam em causa eram o imposto
do selo — V. Ex.ª disse, e bem, que a Autoridade Tributária tem, agora, que dilucidar se sim ou não, e ainda
bem que a Autoridade Tributária já está no terreno, porque era suposto estar apenas a partir de junho de 2021,
mas já está no terreno —, o IRC (imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas) e o IMT (imposto municipal
sobre a transmissão onerosa de imóveis), e os respetivos emolumentos, que achamos que também devem ser
pagos, e estamos a falar de muitas centenas de milhões de euros. Já vi números vários e vi até um número de
uma pessoa bastante responsável, que falava em cerca de 450 milhões de euros.
Sobre ao IMI e, particularmente, o pagamento do IMI aos municípios que têm barragens, é uma questão a
vermos. Obviamente, não fechamos essa questão, o que queremos, sobretudo, é que haja uma lógica retributiva,
isto é, há aqui um património, há aqui um bem público, há aqui um equipamento que gera uma riqueza brutal e,
portanto, o mínimo que se pode exigir é que uma parte dessa riqueza fique também naqueles municípios que
são eletroprodutores, se me permitem a expressão.
Em relação ao que foi dito pelo Deputado Duarte Alves, também o elogio. De facto, há aqui um escândalo e
não há outra maneira de o dizer. Esta é uma situação escandalosa, é verdadeiramente o paradigma do
escândalo da governação de Portugal, através deste Governo e, em particular, deste Ministro do Ambiente.
Sobre a questão concreta que me deixou, nós, no PSD, não levantamos qualquer problema em relação à
venda das barragens. Não tem problema nenhum! A venda das barragens, por nós, não tem nenhum problema,
o que tem problema é a venda das barragens desta maneira, o que tem problema, para nós, é que a venda das
barragens seja feita nesta lógica de que não paga impostos.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Adão Silva (PSD): — O que nos preocupa é que esta venda das barragens não deixe nada para poder
corrigir uma injustiça centenária que acontece dentro de Portugal, entre o litoral e o interior.
Sr. Deputado José Luís Ferreira, de alguma maneira, queria dizer-lhe o que já disse ao Partido Comunista…
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
Terá ocasião de responder depois, na segunda fase.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Termino, Sr. Presidente.
Portanto, Sr. Deputado José Luís Ferreira, obviamente, remeto-o para a minha resposta ao Sr. Deputado
Duarte Alves.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado João Paulo Correia, do
Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. João Paulo Correia (PS): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Adão Silva, a sua intervenção foi muito
inflamada, dirigiu um ataque muito forte ao Sr. Ministro do Ambiente e gostaria de lhe dizer que, até agora, não
há nenhuma informação, documentação ou depoimento, em qualquer audição, que o leve a levantar as suspeitas
que levantou e muito menos a fazer o ataque pessoal que fez, nos termos em que o fez.
Estamos muito de acordo quando consideramos que o negócio entre a EDP e a ENGIE foi um modelo de
negócio complexo e, no mínimo, criativo. E também consideramos que só recorre a um modelo de negócio
complexo e, no mínimo, criativo quem tem um objetivo muito específico. Faltará saber se esse objetivo específico
da EDP e da ENGIE queria cumprir um fim de planeamento fiscal agressivo ou abusivo ou tinha outra razão que
não essa. Mas isso é uma matéria que a Autoridade Tributária irá esclarecer.
Também consideramos que a audição ao CEO (Chief Executive Officer) da EDP, aqui, no Parlamento, não
respondeu à esmagadora maioria das perguntas. Ficaram muitas perguntas em branco, mas a audição ao Sr.
Ministro das Finanças e ao Sr. Ministro do Ambiente, que ocorreu há cerca de duas semanas, do nosso ponto
de vista, respondeu às perguntas que podem ser respondidas pelo Governo.