I SÉRIE — NÚMERO 53
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As soluções para estes problemas são evidentes: fazer valer o respeito pelos direitos dos trabalhadores,
aprovar leis laborais com esse objetivo, e fazê-las cumprir, dar combate à precariedade, lutar pela manutenção
dos postos de trabalho no nosso País.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — A solução é a de fazer avançar medidas como as que o PCP aqui trouxe, na
semana passada, para travar os despedimentos e repor os valores das indemnizações, medidas essas
chumbadas por PS, PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega.
Há soluções para defender os direitos de quem trabalha, mas falta vontade e coragem ao Governo para as
fazer avançar.
O mesmo em relação aos apoios sociais e económicos. São hoje milhares os desempregados, as micro,
pequenas e médias empresas que estão sem atividade e em risco de falência, sem direito a nada, enquanto
veem aumentar os privilégios e benefícios dos grupos económicos, com os seus lucros intocáveis. A EDP, a
Galp, a banca e as seguradoras, a grande distribuição, a SONAE ou a Jerónimo Martins, os grupos das
telecomunicações, todos esses são exemplos do muito que há para a meia dúzia dos muito grandes e do muito
pouco que sobra para a imensa maioria dos mais pequenos.
Enquanto uns vão bem, outros vão bem mal.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Alma Rivera (PCP): — Que o digam os trabalhadores da cultura que, por estes dias, viram os apoios
anunciados transformarem-se em negas e indeferimentos, com argumentos injustificáveis e que podiam estar
ultrapassados, caso as propostas do PCP aqui discutidas em fevereiro não tivessem sido rejeitadas por PS,
PSD, CDS e Iniciativa Liberal.
As medidas de apoio não estão a chegar às pessoas que deles precisam urgentemente, porque o Governo
anda a contar trocos, mais preocupado com o défice do que com as famílias e com as micro, pequenas e médias
empresas que não têm rendimentos.
A opção que é preciso fazer, e o que se exige, é que o Governo utilize todos os meios disponíveis para apoiar
a atividade económica e o emprego. Esta é a hora de concretizar medidas, não é altura para atrasar e arrastar
a aplicação das medidas necessárias, tentar reduzir o seu alcance, limitar o universo dos beneficiários, introduzir
requisitos e obstáculos para diminuir a sua eficácia.
Esta falta de vontade do Governo, quando se trata de responder às necessidades do povo português,
contrasta bem com a benevolência para com grandes interesses, opção demasiado evidente no escândalo da
venda de barragens pela EDP.
É preciso apurar responsabilidades pelo escândalo fiscal e pelos truques da EDP, sem nunca perder de vista
o interesse estratégico nacional. A venda de barragens é, em si mesma, por si só, um negócio ruinoso para o
País e o Governo tem a obrigação e os meios para o impedir.
O que é preciso, o que se exige é, então, que esta Assembleia da República hoje faça a opção certa e aprove
o projeto que o PCP traz à votação para travar este negócio feito contra os interesses do País. Aí veremos
também como cada um se posiciona na hora da verdade.
Além dos graves problemas económicos e sociais que atingem o País, continuamos, ainda, a enfrentar um
grave problema sanitário para o qual a vacinação é a mais sólida solução a prazo. Mas, também nesse plano,
as opções erradas do Governo podem custar caro ao País.
As vacinas são a arma mais poderosa de que dispomos para responder à pandemia e, pela sua importância
para toda a humanidade, são inquestionavelmente consideradas um bem comum.
Apesar disso, a situação em que Portugal se encontra é preocupante. Temos o País amarrado aos acordos
da União Europeia, amarrado à incapacidade das farmacêuticas de cumprir os contratos e à sua recusa em
suspender as patentes.
Faltam vacinas e, perante o atraso na vacinação, que põe em causa a saúde e a vida dos portugueses, a
solução necessária e a posição que se exige é mais que evidente. É preciso avançar na diversificação da