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I SÉRIE — NÚMERO 53

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De facto, Portugal sente de uma forma particular os impactos da pandemia, assim como outros Estados que

têm outras debilidades sentem esses mesmos impactos, nas áreas que já eram críticas.

A Sr.ª Deputada é que deu nota de que pareciam «desgarradas» algumas das questões que associa. A

palavra é sua, portanto, devolvo-lha, mas, efetivamente, na abordagem do tema, não confundamos e

misturemos matérias em relação às quais devemos ser particularmente claros.

A Sr.ª Deputada falava de atropelos aos direitos dos trabalhadores e é verdade que foi indispensável, e

continua a sê-lo, manter uma vigilância ativa relativamente ao incumprimento quer da legislação laboral que já

tínhamos, quer da legislação laboral que foi implementada especificamente para gerir este período. Por isso

mesmo, foi reforçada a capacidade fiscalizadora. Foi dado nota, também, à ACT (Autoridade para as Condições

do Trabalho) de que deve desencadear e desenvolver os meios para proteger os direitos dos trabalhadores.

Essa missão tem sido assumida, enfim, com as condicionantes que sabemos que vigoram neste momento, mas

tem sido assumida pelas autoridades públicas.

Este é um aspeto em relação ao qual há um acordo. Há um consenso generalizado na Câmara e há um

consenso generalizado no País de que esta é uma matéria prioritária.

Portanto, não confundamos, por exemplo, um aspeto em relação ao qual devemos enfatizar o dispositivo que

se consegue fazer para debelar uma dificuldade com outros aspetos em que, efetivamente, podemos discordar.

E podemos ter uma discordância quanto ao momento, à oportunidade, à quantidade e à velocidade de algumas

das matérias que encaramos.

Tem razão a Sr.ª Deputada na cultura, onde encontramos, talvez, uma das situações mais difíceis que os

trabalhadores portugueses enfrentam, precisamente porque a paragem é de tal intensidade que priva de

rendimento muitos trabalhadores da área da cultura em todo o País. Sabemos que a rapidez das respostas

sociais que são colocadas em cima da mesa, junto do ministério — que também, ele próprio, não tem essa

vertente e nunca teve, na sua história, essa dimensão de prestar apoios sociais —, é difícil de implementar e

estamos empenhados em que ela melhore. Mas reconhecer que se faz trabalho e que ele é difícil, nesta fase,

deveria levar-nos, sim, a tentar enfatizar os aspetos em que estamos de acordo e em que é fundamental manter

o ritmo, manter a dimensão desta escala de intervenção, e a pergunta que deixo prende-se precisamente com

isso.

A Sr.ª Deputada fala de falta de vontade. Acho que não falta vontade a ninguém nesta Câmara. Podemos ter

visões diferentes sobre como concretizá-la, mas, seguramente, é possível encontrarmos um denominador

comum.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr. Deputado, queira terminar.

O Sr. Pedro Delgado Alves (PS): — Vou terminar, Sr. Presidente.

Como estava a dizer, seguramente, é possível encontrarmos um denominador comum, como ao longo de

quatro anos foi possível encontrar denominadores comuns para devolver rendimentos, reforçar a proteção social

e continuar a defender os serviços públicos. É nisso que o Partido Socialista está empenhado e continuaremos

a fazê-lo. Esperamos que os restantes partidos, com este alcance e visões de proximidade, também o possam

fazer.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Sr.ª Deputada Sandra Pereira, do PSD, tem a palavra, para um

pedido de esclarecimento.

A Sr.ª Sandra Pereira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, estamos a chegar àquela altura do

ano em que o PCP entra no seu frenesim habitual.

É cartazes nas ruas, é debates e apresentação de propostas no Parlamento, é a reversão da lei laboral, é a

exigência de mais apoios sociais, de mais subsídios e de mais direitos aos trabalhadores.

Depois, vêm as comemorações do 25 de Abril e do Dia do Trabalhador, que são, normalmente, o apogeu

dessas reivindicações. Depois, vão de férias.