I SÉRIE — NÚMERO 55
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toda a gente sabia que não iria responder às necessidades do País em plena crise social, económica e sanitária,
isto não se fica apenas pelo combate à pobreza e à desigualdade, verifica-se, por exemplo, nos testes.
Portugal posiciona-se, neste momento, como um dos países da União Europeia que menos testa a
população, mas, se calhar, para compensar, é um dos países em que o Governo mais anuncia que vai testar a
população de forma massificada. Veja-se: soubemos recentemente de alguns aumentos de incidência em alguns
concelhos e ouvimos o Primeiro-Ministro anunciar que, face a esse aumento de incidência, se calhar, ligado a
atividades como a construção civil, a agricultura, etc., o Governo iria proceder a uma testagem massificada. O
problema é que, no início de fevereiro, a Sr.ª Ministra da Saúde já tinha anunciado que se iria proceder a essa
testagem massificada, nomeadamente em atividades económicas que nunca tinham parado, designadamente
essas duas, a agricultura e a construção civil. Ora, pelos vistos, o anúncio não se concretizou e, portanto, foi
necessário o novo anúncio. Vamos lá ver se, a partir de agora, se concretiza.
Mas também no que toca às vacinas se tem mostrado e sentido muito a política de «marcar passo» do
Governo em relação à pandemia.
Nós temos defendido que é preciso aumentar a produção e a distribuição de vacinas. O Governo não tem
defendido o mesmo. Por exemplo, na última reunião da Organização Mundial do Comércio alinhou com os
países que recusaram o levantamento das patentes, dizendo que levantar as patentes não resolve o assunto,
porque não há capacidade de produção mundial. Não é verdade! Não é verdade! Houve um bloco de 110 países
na Organização Mundial do Comércio que disse que é preciso levantar as patentes, para partilhar a tecnologia,
para termos acesso à tecnologia, e há países que podem aumentar a produção, que podem produzir e que,
neste momento, não conseguem, porque, efetivamente, existem patentes a barrar a partilha de informação por
um bem que deve ser um bem comum. Portugal alinhou com a estratégia de manter as patentes, de manter o
secretismo sobre a tecnologia e, por isso, de estrangular a produção de vacinas.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Termino, com uma pergunta, Sr. Presidente, se me permite, em 5 segundos.
O Sr. Presidente: — Tem de ser muito rápido, Sr. Deputado.
O Sr. Moisés Ferreira (BE): — Serei muito rápido, Sr. Presidente.
Uma fonte do Governo italiano disse hoje existir um acordo entre vários países da União Europeia para deixar
de utilizar a vacina da AstraZeneca.
Portugal está, neste momento, na Presidência da União Europeia e, portanto, acho que era importante que
a Sr.ª Ministra da Saúde, aqui, no Plenário, dissesse se há esse acordo e se Portugal vai deixar de usar esta e
outras vacinas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, pelo Grupo Parlamentar do PSD, o Sr. Deputado Eduardo Teixeira.
O Sr. Eduardo Teixeira (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Discute-
se hoje, nesta Câmara, o Relatório sobre a aplicação do estado de emergência na primeira quinzena de março,
um documento sempre importante, porque contém informação muito relevante sobre as medidas de combate à
pandemia de COVID-19, mas também um relatório bem esclarecedor, porque a todos permite comparar a
propaganda do Governo com a trágica realidade das políticas socialistas.
A testagem é, infelizmente, um claro exemplo dessa diferença entre o anunciado e o concretizado.
Com efeito, em fevereiro passado, a Sr.ª Ministra da Saúde garantia que o Governo iria avançar com testes
em massa no combate a esta pandemia. Mas o que o relatório que hoje apreciamos revela é que, na primeira
quinzena de março, de facto, a média diária de testes foi de apenas 23 000, um número não só irrisório, como
muito aquém da testagem mínima necessária para se conter a transmissão da COVID-19.
A este respeito, consideramos, aliás, grave que o atual processo de desconfinamento, iniciado no passado
mês, não tenha sido alicerçado num programa de testagem generalizado, em particular no meio escolar — nos