22 DE ABRIL DE 2021
61
Mas, assim sendo, onde está a execução? Então, vejamos os discursos: era no verão de 2020; era para ser
no início de 2021; agora fala-se no verão de 2021. A questão que devemos colocar é se será ainda em 2021
que vamos ter execução do PRR.
Mas, Sr.as e Srs. Deputados, o turismo e atividades conexas — a restauração, a hotelaria e o comércio —,
setores muito penalizados pela atual crise económica e social, deveriam estar em destaque nas preocupações
do PRR. Mas não, elas estão remetidas, sobretudo, para a transição digital e ecológica, e muito pouco para um
setor que representava 12% do PIB e 10% do emprego, determinante para a recuperação económica e social
de Portugal, num país em que os apoios do Estado ficam e têm ficado aquém da prática europeia, num país que
necessita, e muito, mais do que outros, de fundos europeus.
Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, quero colocar-lhe duas questões, neste momento: comunga ou não
desta visão? Comunga de que a resposta e os apoios do PRR aos problemas do turismo, da hotelaria da
restauração e do comércio estão muito aquém das necessidades destes e do País, em especial nas zonas de
fronteira? Quase que poderia antecipar a sua resposta, dada a sua relevante experiência no Turismo de
Portugal, mas aguardo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para formular um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Costa,
do Grupo Parlamentar do PS.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, cumprimento o Sr. Deputado João Cotrim
de Figueiredo pela escolha do tema e quero dizer que concordamos que é necessário ter esperança, só não
concordamos com a esperança de um futuro liberal, porque ele, certamente, não será um bom futuro para
ninguém.
Já que o Partido Social Democrata aqui veio falar do atraso, sendo uma matéria europeia e atendendo a que
a Presidente da Comissão Europeia e a maioria dos governos europeus são da família política do PSD,
apelamos a que o PSD, também junto da sua família política, apele a que os governos andem depressa, até
porque o Governo português é dos governos que mais tem o trabalho feito em relação ao Plano de Recuperação
e Resiliência. Por isso, certamente que na família política do PSD existe muita responsabilidade para que o PRR
esteja atrasado.
Em relação aos temas que aqui colocamos também é importante perceber que o PRR nunca poderá ser visto
sozinho. Temos de olhar para o PRR em complemento com o plano do novo Quadro Comunitário de Apoio — e
estamos a falar de 33,6 mil milhões de euros, um valor substancialmente superior ao do Plano de Recuperação
e Resiliência, que é de 13,9 mil milhões de euros —, mas também em conjunto com os 11,2 mil milhões de
euros que ainda faltam executar do Portugal 2020. Portugal estava muito atrasado em várias matérias e a área
das empresas, de que aqui tanto falam, é logo o ponto em que está mais atrasado. Mas também temos de
considerar os 2000 milhões de euros do REACT, que é realmente o que tem permitido responder às empresas,
é o que financia o famoso Programa APOIAR, e estamos a falar de mais de 900 milhões de euros a fundo
perdido para as empresas.
Em relação às empresas, Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo, 4,9 mil milhões de euros é o valor alocado.
Este é um valor substancialmente assim tão baixo, comparado com outros quadros comunitários de apoio? Faça
a comparação com outros quadros comunitários de apoio. E de que é que o Sr. Deputado discorda? Discorda
da transição digital? Discorda da resiliência? Discorda da coesão territorial?
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Deputado, por favor.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Ou discorda, também, do investimento no Serviço Nacional de Saúde? Bem sei
que prefere a saúde privada, mas será que é disso que discorda, Sr. Deputado?
Aplausos do PS.