I SÉRIE — NÚMERO 57
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Alguns chamarão a isto populismo. Eu chamarei a isto determinação, contando que seja feito dentro dos trâmites
constitucionais, isto é, preservando, como deve ser, o princípio da presunção da inocência.
O Bloco de Esquerda deu hoje entrada de um projeto de lei justamente neste sentido.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Concluo, Sr. Presidente.
Gostaria de perceber qual é a orientação que o PAN tem para esta matéria.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, do PAN.
A Sr.ª Inês de Sousa Real (PAN): — Sr. Presidente, agradeço desde já as questões que me colocaram,
começando por responder à questão final.
O PAN não só acompanha como também dará entrada de uma iniciativa nesse sentido, porque
acompanhamos a leitura que faz, Sr. Deputado José Manuel Pureza. De facto, a Estratégia Nacional de Combate
à Corrupção deixa incompreensivelmente de fora a questão do enriquecimento ilícito. É certo que temos de
estudar qual a acomodação jurídica que deve condicionar esta atividade e este comportamento, nomeadamente
a não declaração de património ou de rendimentos, por exemplo, como a associação sindical dos magistrados
já veio defender, a par de mecanismos para rastrear e acompanhar a forma de obtenção daqueles rendimentos,
designadamente a não declaração de rendimentos expectáveis ou futuros, até porque a medida que foi tomada
a nível do IRS quanto à taxa adicional para os titulares de cargos públicos e altos cargos políticos não é suficiente
para dar resposta a esta problemática. Portanto, em relação a isso, Sr. Deputado, estamos plenamente
alinhados com o problema que urge resolver a nível do nosso direito.
Sr.ª Deputada Constança Urbano de Sousa, há um problema estrutural da justiça. Compreendo que, aos
seus olhos, possa parecer um discurso populista, mas esta é a questão que, lá fora, as pessoas querem ver
resolvida. Existe um problema estrutural ao nível da reforma do nosso sistema de justiça que urge corrigir. E a
Sr.ª Deputada talvez não tenha dado conta, mas, nas audições sucessivas que têm sido feitas à Sr.ª Ministra da
Justiça, a pergunta continua por responder. Quando perguntamos pelo pacto para a justiça e pelo facto de o
mesmo não estar a ser executado, a Sr.ª Ministra releva sempre a importância de darmos formas e ferramentas
para o trabalho dos magistrados.
E não estamos a desvalorizar a competência técnica dos Srs. Magistrados, seja do ponto de vista judicial ou
do próprio Ministério Público, estamos a falar de algo que consta do pacto para a justiça, que devia ter sido
efetivado e que os próprios autores judiciais reclamam e pedem, Sr.ª Deputada.
Não podemos esquecer-nos de que a corrupção e a ausência de mecanismos mais eficazes no combate ao
branqueamento de capitais têm um custo para o País: custa 18 000 milhões de euros ao País. Portanto, este é
um tema demasiado sério para não ser debatido, quer o chame de populista ou não. Não nos furtaremos a esse
debate, Sr.ª Deputada, e cá estamos para o fazer.
Em relação à pergunta que o Sr. Deputado do PEV colocou, não posso deixar de reforçar o que tem sido
uma preocupação clara do PAN no combate à questão dos vistos gold, não só em relação à apreciação
parlamentar que foi apresentada pelo Bloco de Esquerda, mas porque o PAN já apresentou também uma
proposta precisamente para pôr fim a esse regime, que achamos não só manifestamente desequilibrado e injusto
face ao acesso ao território nacional português, como temos em conta os riscos que existem, por via deste
regime, de corrupção e de branqueamento de capitais que conhecemos e que são manifestamente nefastos.
Sobre a questão dos vistos green, trata-se de uma proposta que o PAN apresentou na passada Legislatura
e que não tem intenção de retomar no presente mandato.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mónica Quintela, do Grupo
Parlamentar do PSD.
A Sr.ª Mónica Quintela (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, cumprimento a Sr.ª Deputada Inês
Sousa Real, agradecendo-lhe ter trazido a debate este tema, que me é particularmente caro, apesar das cautelas