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22 DE ABRIL DE 2021

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Em relação ao PRR, concretamente, podemos até dizer que aquilo que foi anunciado, durante vários meses,

pelo Governo, nomeadamente pelo Primeiro-Ministro, e o resultado que saiu da discussão do próprio PRR não

é a mesma coisa. Não é, de facto, a mesma coisa aquilo que foi sendo anunciado, durante vários meses, e

aquilo que foi efetivamente apresentado. Mas uma coisa muito diferente é vir aqui fazer um debate no sentido

de que o investimento público não é a melhor saída para momentos de crise, até porque, no caso português, se

tem verificado que é o investimento em serviços públicos e o investimento público que ajuda a alavancar a

própria economia.

Portanto, a crítica que a Sr.ª Deputada faz à percentagem e à quantidade que está programada, no PRR,

para o investimento público só tem lógica para aqueles que defendem mais o setor privado e os seus lucros. E,

Sr.ª Deputada, podemos falar da questão das empresas e do tecido económico português, que sabemos que é

muito bem formado, na sua grande maioria, por micro e pequenas empresas, mas basta-nos ver a prática e a

história, nomeadamente dos fundos europeus, para percebermos quem é que consegue sempre chegar a esses

fundos europeus.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — São as PME!…

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Portanto, temos de ser sérios, quando fazemos este debate e falamos do apoio

às empresas, e perceber qual é a realidade. E a realidade dos últimos anos não tem sido a de as microempresas

serem as mais favorecidas com os vários fundos comunitários e, nomeadamente, com o PRR.

Existem aqui vários temas que o CDS não consegue clarificar. A única coisa que fica muito clara neste

debate, até pela intervenção do próprio PSD, é que consideram o investimento público um erro.

O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Não! Não disse isso!

A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Muito bem, Srs. Deputados! Se consideram o investimento público um erro, é

uma posição que a direita vai ter de assumir muito claramente, mas, de facto, aqui, temos um separar de águas.

Sr.ª Deputada, se o PRR existe também para responder às grandes matérias, como, por exemplo, a transição

ambiental, onde a ferrovia se assume como prioritária, e aqui o investimento público é central, só pode haver

investimento público, então, é nestas matérias que temos de nos focar.

Aplausos do Deputado do BE João Vasconcelos.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada Cecília Meireles, tem a palavra, para responder.

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, queria, em primeiro lugar, cumprimentar o Sr. Deputado

Afonso Oliveira e a Sr.ª Deputada Isabel Pires e dizer que tentarei dar uma resposta comum que, creio,

esclarecerá as dúvidas de ambos.

Em primeiro lugar, deixei bem claro que investimento público e gasto público, do meu ponto de vista, são

coisas diferentes.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Por acaso, não! Não foi isso que afirmou!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Nem todo o gasto público é investimento público. São coisas diferentes!

E, sim, Portugal precisa de investimento público, porque partidos como, por exemplo, o PCP e o Bloco de

Esquerda apoiaram um Governo que deu a maior machadada que o investimento público viu, nas últimas

décadas, em Portugal, embora, agora, disfarcem! Acham todos que o investimento público é muito importante,

mas, quando chegou a hora de votarem, peço muita desculpa, não foi isso que fizeram.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Que grande confusão!

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Diferente disso é o gasto direto na máquina do Estado. Veremos o que

o futuro nos traz, mas espero que daqui a um, dois ou três anos não estejam aqui a dar-me razão e a dizer que,