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I SÉRIE — NÚMERO 57

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acaba por existir uma incoerência entre os princípios proclamatórios e, depois, o investimento. E a economia

não é, evidentemente, exceção.

Basta pensarmos, por exemplo, no eixo da economia do mar e na transição, do ponto de vista económico,

para modelos mais sustentáveis, para vermos que há, claramente, uma dimensão que acaba por não dar

resposta àquele que é o desafio dos nossos tempos.

Nesse sentido, Sr.ª Deputada, é importante, para nós, percebermos que a narrativa, a par das medidas

concretas, está plenamente alinhada e gostaríamos de perceber se o CDS concorda com uma das medidas que

o PAN tem.

Para além de a economia ter de ser incentivada com medidas de apoio nas diferentes vertentes,

nomeadamente na agricultura, na energia, designadamente no combate à pobreza energética ou até mesmo ao

nível dos incentivos às empresas nesta dimensão, num aspeto mais profundo, o PAN tem defendido que é

necessário a criação de um atlas climático para podermos, de alguma forma, ter uma leitura do País e mitigar

com isso as assimetrias regionais que ainda persistem. Sabemos que Portugal não é Lisboa, não é o Porto, não

é também algumas distritais que temos, mas há, de facto, todo um país esquecido.

Gostaríamos de saber se o CDS acompanha a preocupação do PAN, para que possamos também reforçar

este PRR naquilo que vai ser depois a sua versão final, entregue em Bruxelas, e ter, de facto, uma leitura, um

mapa, um atlas, que nos permita, de alguma forma, fazer essa leitura. Portanto, queremos saber se

acompanham o PAN nesta preocupação.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada Cecília Meireles, afinal são cinco inscrições para pedidos

de esclarecimento.

Srs. Deputados, o Regimento determina que as inscrições para pedir esclarecimentos devem ser feitos

durante a intervenção do orador. O que temos visto é que a maioria das inscrições estão a ser feitas depois da

intervenção do orador. Se a Mesa fosse rigorosa, cortaria mais de metade dos pedidos de esclarecimento que

temos tido. Portanto, faço o apelo para que se inscrevam em tempo.

Sendo assim, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles pretende responder, primeiro, a um conjunto de três e depois

a dois pedidos de esclarecimento.

Tem a palavra, agora, o Sr. Deputado Bruno Dias.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Cecília Meireles, há uma

questão importante em debate na declaração política do CDS, que tem que ver com o Plano de Recuperação e

Resiliência e, basicamente, com a aplicação dos recursos a que Portugal tem acesso, no sentido de dar resposta

aos problemas do País e, em particular, aos problemas especialmente gravosos que se fazem sentir na

decorrência desta crise e desta epidemia da COVID-19.

Agora, o CDS e todos reconhecerão, certamente, que o PCP, ao longo dos anos e das décadas, tem

pugnado, nesta Assembleia e por todo o País, por uma política de investimento público de qualidade, de

investimento público que seja, de facto, um fator de modernização das infraestruturas com repercussão, depois,

nas cadeias de valor da economia nacional e, muitas vezes, não é propriamente a isso que temos assistido. A

própria Sr.ª Deputada deu o exemplo em torno do conceito da digitalização, que eu diria, passe a expressão,

que é uma espécie de um chapéu com umas abas muito largas, que cobre muita coisa e faz muita sombra, às

vezes.

Ainda nos lembramos do famoso plano tecnológico e dos investimentos de transformação profunda que, na

verdade, significaram comprar hardware e software. Nós precisamos de uma outra política de investimento

público e precisamos de um investimento público substancial. E é aqui, agora, que estamos no ponto de

divergência política e de confronto. O CDS considera que 60% dos fundos disponíveis para investimento público

é um escândalo, uma exorbitância e nós consideramos que é pouco.

O problema, sabemos muito bem qual é — e não é o CDS, hoje, que começa com essa conversa, que já

vem de trás —: os grandes grupos económicos querem dinheiro! Querem dinheiro! E querem dinheiro para quê?

Para depois distribuir dividendos, «chapa ganha, chapa gasta», continuam a viver acima das nossas

possibilidades: 100% dos lucros da Brisa — Autoestradas de Portugal, vão para dividendos…

O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, queira concluir.