I SÉRIE — NÚMERO 57
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O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr.ª Deputada Cecília Meireles, tem a palavra, para responder.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, começava por cumprimentar os Srs. Deputados.
Começo pelo Partido Socialista, para dizer que agradeço muito a aula que o Sr. Deputado Carlos Pereira me
deu, embora tenha percebido, pelas suas palavras, que tem dúvidas sobre a capacidade da aluna. Esse tipo de
comentários é sempre uma elegância que fica bem aos professores, como é o caso do Sr. Deputado, mas
tentarei responder de forma diferente daquela com que se me dirigiu.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — A Sr.ª Deputada é mais elegante do que eu!
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — E mais bonita!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Ó Sr. Deputado, se me deixar, explicarei.
O Sr. Deputado não percebeu qual era a solução, o que é que eu defendo. Eu defendo que o grosso deste
plano devia ir, de facto, para o apoio às empresas e à iniciativa privada.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Nós percebemos! O que o CDS quer, sei eu!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — É tão cru e tão simples como isto! Também achei que tinha ficado
subentendido, e já explicarei, mas parece-me uma evidência.
Diz o Sr. Deputado: «Ah, mas as empresas não têm dinheiro para investir, não conseguem cofinanciar,
porque estão descapitalizadas». Pois estão, Sr. Deputado, estão muito descapitalizadas e por isso é que é
preciso um plano a sério de capitalização das empresas, que, aliás, está previsto neste PRR como um vetor,
mas um vetor muito curto, que tem de ser reforçado, e muito. Foi exatamente isto que presumi que se deduziria
das minhas palavras.
Depois, gostava também de lhe explicar que o que puxou pelo investimento privado das empresas não foi o
Governo do Partido Socialista, foi o crescimento económico e a volta económica que houve em Portugal e que
começou em 2013, 2014.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Foi o anticiclone dos Açores!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — A partir daí, os valores, quer do crescimento, quer do investimento,
aumentaram e é normal que assim tenha acontecido. Porquê? Porque estávamos a sair de uma recessão e
entrámos em período de crescimento económico.
Sei que isso, depois, não entra bem nesta dialética que encontramos aqui, em que se quer que os ciclos
económicos batam exatamente certo com os dias em que os Governos entram e saem, mas, enfim, a economia
lá tem estas ideias, que não têm de funcionar a par dos desmandos do Partido Socialista.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É o canhão da Nazaré!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Registo, contudo, que o Sr. Deputado não foi capaz de defender a
enorme falsidade, para a qual chamei a atenção, do investimento privado.
Em relação ao PCP e ao Sr. Deputado Bruno Dias, gostava de dizer o seguinte: deixei aqui claro o que
queria, que era bastante mais dinheiro para apoio às empresas e à iniciativa privada, e o Sr. Deputado diz, e
cito, «o que a senhora quer são grandes grupos económicos que querem dinheiro para distribuir dividendos».
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Não está mal resumido!
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Portanto, para o Sr. Deputado, as empresas que criam 85% dos postos
de trabalho, para os trabalhadores que o senhor diz defender, são grandes grupos económicos que querem mas
é dividendos.