I SÉRIE — NÚMERO 57
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O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — E este facto, quando falamos de fundos europeus, da gestão de fundos
europeus, e de um Governo do Partido Socialista, deve deixar-nos, a todos, profundamente preocupados.
Para o PSD, e temo-lo dito, o País sabe disto, é um motivo de forte preocupação ter o PS, hoje, no Governo,
com a quantidade de fundos que temos para gerir no futuro próximo, e já percebemos que, nos próximos cinco
anos, particularmente com o PRR, que vem com 16 000 milhões de euros, é muito dinheiro. E estamos
preocupados, porque, na verdade, as suas políticas públicas são responsáveis pelo caminho que fazemos, mas
também pelo caminho que não fazemos. São sempre decisões públicas, são políticas que são assumidas e, ao
tomarmos posições, há sempre oportunidades que não se seguem, há outras que se assumem e, portanto, há
riscos que se correm.
No PRR, são mais 16 000 milhões de euros de fundos europeus que estão em causa e que são uma
excelente oportunidade para potenciar o investimento nas empresas, na economia, na indústria, o investimento
com capacidade de gerar riqueza, o investimento em setores exportadores, o investimento público — claro que
sim, também, não tem de ser essencialmente público, mas também — em setores e serviços que melhorem a
qualidade de vida das pessoas. É isto que se pretende com este PRR e era assim que deveria ser. Mas a
verdade é que não é assim que está a ser, não é esse o objetivo, o PRR não aponta nesse sentido, o PRR tem
previsto um fortíssimo investimento público, como já percebemos aqui, no debate, e a Sr.ª Deputada Cecília
Meireles, e muito bem, suscitou esse problema, o que é um erro. E é um erro, neste sentido: hoje, todos
sabemos, são as empresas que criam emprego, são as empresas que criam dinâmica económica, que criam
crescimento económico e, por isso, era para aí que deveria haver um forte investimento do PRR, mas não é
esse o caminho.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Concluo, Sr. Presidente.
Sr.ª Deputada Cecília Meireles, coloco-lhe três questões, de forma muito rápida.
Corremos ou não o sério risco de perdermos uma oportunidade decisiva de apoiar as empresas e a
economia? Já ouvi a sua opinião, mas gostava que reforçasse a posição do CDS, no sentido de saber se é
assim que pensa.
Corremos ou não o sério risco de sairmos deste período de cinco anos, e os próximos cinco anos são de
forte investimento, sem darmos o salto de desenvolvimento e crescimento que se pretende? São questões a
que me parece valer a pena responder.
Como é que, perante o estado atual da nossa economia, o Governo não percebe que escolher políticas
públicas, onde não inclui as empresas, como fator essencial de investimento e de apoio,…
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem mesmo de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — … não deveria ser, digamos, o tema central deste PRR?!
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, a Sr.ª Deputada
Isabel Pires, do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, cumprimento a Sr.ª Deputada Cecília Meireles e o CDS, por este
tema, mas, na verdade, depois da sua intervenção, percebemos que foi uma intervenção menos de preocupação
com o PRR e mais de ataque à ideia de investimento público e da necessidade de investimento público. Mas
está tudo bem, é uma questão de separar águas, por parte daqueles que, de facto, consideram que o
investimento público não serve a ninguém e não serve para nada e dos acham que os dinheiros públicos devem
ser investidos no privado.
O Sr. Paulo Rios de Oliveira (PSD): — Quem disse que é dinheiro público?!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Ficou aqui bastante claro qual é a posição.