22 DE ABRIL DE 2021
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O Sr. Bruno Dias (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Assim como 129% dos lucros da Altri vão para dividendos e 156% dos lucros da NOS vão para dividendos.
Ó Sr.ª Deputada, termino com esta pergunta muito objetiva: o CDS considera que é para este tipo de
enriquecimento, que diria ilícito, que devemos afetar os recursos nacionais, que tanta falta fazem para a
modernização e para a resposta aos problemas, especialmente das PME (pequenas e médias empresas)? Ou
é para esse grande capital que aparece aqui a pedir dinheiro?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Pereira, do PS.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Meireles, quero, em primeiro lugar,
agradecer-lhe por trazer um tema tão relevante para o País como o Plano de Recuperação e Resiliência.
Queria começar por fazer um comentário prévio para dizer que o que a Sr.ª Deputada veio fazer aqui foi,
basicamente, uma tentativa de uma proclamação ideológica entre investimento privado e investimento público.
Mas não sei se a Sr.ª Deputada percebeu que ao tentar passar essa tese, entrou numa enorme contradição.
Aliás, fez uma exposição que é, ela toda, uma enorme contradição.
Mas explico porquê. Talvez a Sr.ª Deputada não se tenha apercebido, mas vou explicar, aliás, sublinho que
essa explicação vem no fim da sua intervenção, quando fala no investimento público, porque a Sr.ª Deputada
sabe que foi na anterior Legislatura, do PS — do qual a Sr.ª Deputada diz que não gosta das empresas nem do
investimento privado —, que o investimento privado bateu recordes, que ultrapassou a média da União Europeia
e que, como a Sr.ª Deputada sabe, puxou pelo produto interno bruto (PIB) do País.
Portanto, à proclamação que veio fazer de que o PS é contra o investimento privado, a Sr.ª Deputada deu a
resposta. Não é verdade, no passado, o que aconteceu foi, precisamente, o investimento privado a puxar pelo
PIB e a poder garantir os resultados que tivemos.
Mas, Sr.ª Deputada, o que faltou na sua intervenção foi verdadeiramente a essência. O que é que o CDS
quer do PRR? O que é que o CDS quer, verdadeiramente, do PRR?
Mais: qual é, então, para o CDS a proporção adequada entre investimento privado e investimento público?
Diga, Sr.ª Deputada!
Será que a Sr.ª Deputada sabe que o investimento privado ou os apoios dos fundos europeus ao investimento
privado, melhor dizendo, ocuparam sempre, em todos os quadros comunitários, e com todos os Governos, não
é com o Governo do Partido Socialista, menos de 30% daquilo que tem sido disponibilizado? Não sei se a Sr.ª
Deputada sabe que, deste quadro que está em vigor, ainda faltam gastar 3000 milhões de euros de apoio ao
investimento privado, das empresas, para o qual a Sr.ª Deputada diz ser preciso mais.
Ora, a pergunta a que a Sr.ª Deputada, e todos aqueles que dizem que há uma desproporção enorme entre
investimento privado e investimento público, tem de responder é se acha que, faltando ainda gastar — permita-
me usar esta expressão — 3000 milhões de euros do PT 2020 (Portugal 2020), estando disponíveis 6000
milhões de euros no PRR para o investimento privado e estando disponíveis mais 14 000 milhões de euros,
usando a expressão dos 35% do total do PT 2030, o que significa 25 000 milhões de euros, o setor privado
conseguirá executar, no pouco tempo que temos, 25 000 milhões de euros, tendo em conta todas as restrições
que tem, incluindo a circunstância de ter de cofinanciar esse mesmo investimento.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Carlos Pereira (PS): — Termino, Sr. Presidente.
Não é tarefa pouca, Sr.ª Deputada! A Sr.ª Deputada sabe que as empresas estão descapitalizadas e é preciso
um esforço enorme, que, aliás, as empresas têm feito.
Aquilo que a Sr.ª Deputada veio fazer foi apenas uma proclamação ideológica, sem nenhuma solução e
cometendo um erro grave, com uma contradição enorme, que foi dizer que o Governo do Partido Socialista não
tem apoiado o investimento privado. Nada mais errado e os factos demonstram isso mesmo!