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I SÉRIE — NÚMERO 57

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Portanto, sim, o Governo tem de responder já — e isto serve também já para o Sr. Deputado Paulo Rios de

Oliveira —, tem ferramentas para isso, e vai até ter mais uma, com mais esta iniciativa que o PCP vai apresentar.

Portanto, oportunidades não faltam para corrigir a mão, tem é de fazê-lo.

Sr. Deputado Paulo Rios de Oliveira, essa postura de «com o meu vestido preto nunca me comprometo» ou

«com o meu fato preto nunca me comprometo», ou seja lá o que for, é muito gira mas não resolve problemas.

É que, na verdade, de cada vez que o PCP propõe uma medida, no Orçamento do Estado, para dar resposta

às necessidades da cultura e das artes, como é que vota o PSD? Chumba!

Quando o PCP traz aqui iniciativas para corrigir esta questão, deste concurso que estamos hoje a debater

— não é outro! —, como é que vota o PSD? Não, não vota ao lado do PCP, claro que não vota! Prefere abster-

se e viabilizar a rejeição que o PS vem trazer.

A questão é essa. Não se pode colocar de fora do combate à precariedade, não se pode colocar de fora das

medidas que resolvem os problemas dos trabalhadores das artes e da cultura e depois vir para aqui chorar

lágrimas de crocodilo. Não pode!

Vozes do PCP: — Exatamente!

A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Isso é que é incoerência.

Sr.ª Deputada Inês Sousa Real, estamos de acordo, o mapeamento é uma questão fundamental. Temos

insistido muitíssimo nela porque nos ajuda a caracterizar a realidade de um setor que tem muitos fatores que

têm de ser tidos em conta para a resolução do problema.

E dizemos outra coisa em relação àquilo que referiu, sobre as medidas sanitárias. Há muito temos colocado

que testagem, rastreio, vacinação e apoios sociais têm de ser as medidas e as dimensões da resposta que o

Governo tem de dar a esta situação, e naturalmente que a cultura também não pode ficar de fora. Como todos,

tem direito a essa segurança sanitária.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Vamos, agora, passar à declaração política do CDS-PP.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Meireles.

A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Governo entregou, no fim da

semana passada, o Programa de Estabilidade 2021-2025 e, praticamente na mesma altura, enviou o seu Plano

de Recuperação e Resiliência para Bruxelas. São os dois documentos-chave que poderiam mudar o nosso

futuro. Nas versões que hoje conhecemos, são os documentos da oportunidade verdadeiramente perdida. São

o programa da máquina do Estado como grande motor da economia e o plano da desconfiança, face à iniciativa

privada.

Vamos começar pelo ponto de partida.

O nosso ponto de partida, Sr.as e Srs. Deputados, é grave. A economia portuguesa conheceu a maior

recessão, desde que há registos, no ano passado, em 2020. Para este ano, o Programa de Estabilidade traz

uma revisão, em baixa, das previsões de crescimento económico.

É verdade que a causa é a pandemia, evidentemente, e que a situação é comum a muitos países, mas o

facto de as causas não serem da nossa responsabilidade não nos desresponsabiliza em relação às soluções e,

em relação elas, convém começar também por fazer um balanço da resposta portuguesa à pandemia.

O Programa de Estabilidade prevê que as principais medidas de combate à COVID-19 custem, em 2021,

cerca de 5100 milhões de euros; em 2020, o efeito orçamental direto das principais medidas foi de cerca de

4500 milhões de euros. Ou seja, os dois anos somados, teremos entre 9600 a 9700 milhões de euros de medidas

de resposta à pandemia.

Se pararmos para pensar que o Banco de Portugal estima que, só em pagamentos suspensos de moratórias

das famílias e das empresas, teremos, até ao fim da pandemia, 11 mil — repito, 11 mil! — milhões de euros e

que as linhas de crédito novas, relacionadas com a pandemia, estarão entre 8000 e 9000 milhões de euros, é

fácil chegar a uma conclusão: o grosso dos problemas causados pela pandemia está por resolver, dois terços

das contas estão por pagar e foram empurradas para a frente.