O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

22 DE ABRIL DE 2021

57

que se impõem e que temos de ter quando discutimos temas tão importantes a quente e a reboque de casos

mediáticos como os que todos nós conhecemos.

Precisamos de uma justiça célere, confiável, acessível e próxima dos cidadãos. Precisamos de uma reforma

estrutural da justiça. Precisamos da reforma que nunca tivemos.

Recordo que a justiça transitou do Estado Novo para a democracia sem qualquer alteração de fundo. A única

e mais marcante diferença foi a da autonomização das carreiras da magistratura do Ministério Público — que, à

data, não era magistratura — para a magistratura judicial. Mesmo assim, os juízes que julgaram e condenaram

nos tribunais plenários do Estado Novo, nos tribunais da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado),

passaram incólumes para os tribunais atuais e continuaram a julgar sem qualquer juízo de censura ou ético.

Precisamos de reformar a jurisdição comum e, sobretudo, a falecida, morta, matada, «morrida» jurisdição

administrativa e fiscal.

O combate à corrupção é fundamental e constitui um pilar que escora uma sociedade sã e justa. O PSD tem

estado sempre à frente na apresentação de propostas construtivas que estribem a necessária reforma da justiça,

que inclui o combate à criminalidade económico-financeira, mas que vai muito para além dela.

Pergunto-lhe, Sr.ª Deputada: considera que é necessário fazer uma reforma estrutural da justiça e não só

com aquelas medidas que elencou ou basta-se com ajustes pontuais ad hoc ou avulsos, a reboque de casos

concretos e do mediatismo do momento?

Pergunto-lhe também o seguinte: a Sr.ª Deputada falou do pacto para a justiça. Sabemos que o pacto para

a justiça recolheu contributos dos vários atores e das entidades que operam no sistema judicial. Considera que

as propostas vertidas no pacto para a justiça fazem, enformam e servem todas elas para fazer a reforma da

justiça que se impõe e de que precisamos? Com que medidas é que o PAN concorda e quais as que não

subscreve?

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira, do Grupo

Parlamentar do PCP.

O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Inês de Sousa Real, quero saudá-la pela sua

declaração política e pelo tema que trouxe a discussão.

Antes de entrar mais em pormenor sobre o tema que aqui nos trouxe, queria deixar duas notas introdutórias

muito breves. Primeiro, para saudá-la pela sua franqueza de reconhecer que o PAN não tem soluções para uma

boa parte dos problemas graves que o sistema de justiça atravessa, porque julgo que é dessa franqueza que

devemos partir para enfrentar os problemas sérios.

Perante as dificuldades que a Sr.ª Deputada identificou, também queria deixar-lhe outra mensagem: não

desista! Não desista, porque não é caso para isso nem é assim que a gente chega a algum sítio. Desde 2007

que o PCP anda a lutar pela criminalização do enriquecimento injustificado. Ainda não conseguimos, mas não

é por isso que desistimos. Ainda na semana passada apresentámos novamente um projeto para que a discussão

se inicie.

É preciso que não se desista deste combate, porque as questões do acesso à justiça e as questões da

realização da justiça são determinantes para qualquer sociedade, sendo determinantes, sobretudo, para quem

precisa de se fazer valer da justiça para garantir o respeito pelo exercício dos seus direitos.

Essa foi uma dimensão que esteve relativamente distante da sua intervenção, mas era sobre ela que gostaria

de colocar algumas questões. Isto, porque a justiça não é só para o combate ao crime e à criminalidade

económica e financeira em particular. Sobre essa matéria já tivemos oportunidade de fazer várias discussões,

quer a propósito do enriquecimento injustificado, quer a propósito das matérias relacionadas com os offshore,

bem como sobre matérias que têm que ver com a necessidade de aperfeiçoamento dos mecanismos jurídicos

e legais e ainda com os meios de que o sistema de justiça dispõe para combater a criminalidade, e não encontrei

assim tanta discrepância no posicionamento que o PAN e o PCP assumiram nas iniciativas de cada um.

Ainda assim, Sr.ª Deputada, queria colocar-lhe algumas questões em relação a dimensões da justiça que a

Sr.ª Deputada não abordou.