6 DE MAIO DE 2021
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Pela mesma ordem de razão, a nossa proposta garante que é ao empregador que cabe assegurar as
ferramentas necessárias ao trabalho.
E mais: as despesas adicionais que, comprovadamente, o trabalhador suporte são compensadas pelo
empregador.
Aplausos do PS.
A nossa proposta garante o direito à privacidade, vedando controlos intrusivos através dos meios digitais.
Ainda mais no tempo em que os meios digitais possibilitam a intrusão sem precedentes, é imperioso defender
sem tréguas o direito fundamental à privacidade e à imagem.
Porque defendemos o teletrabalhador e o trabalhador em regime presencial como iguais, asseguramos ao
teletrabalhador os mesmos direitos sindicais, as mesmas condições de saúde e segurança no trabalho.
Sem perder de vista a conciliação da vida profissional, pessoal e familiar, instituímos o direito a desligar,
para garantir o direito ao descanso, o direito à não-resposta por cada uma das partes, sem que possa daí
resultar qualquer desvantagem.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a pergunta que vos trazemos é fácil: qual vai ser o futuro? Que
futuro vamos nós escolher?
O futuro do trabalho será aquilo que dele quisermos fazer, e esse futuro ditará muitas facetas do futuro das
nossas sociedades modernas.
Podemos escolher enfiar a cabeça na areia e negar que o mundo gira e evolui, ou escolher ser
construtores de uma sociedade decente. O mundo do trabalho evoluirá como resultado das decisões que
tomamos — por ação ou por inação — a nível nacional ou internacional.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista escolhe trabalho digno nos tempos modernos, longe das filas de
gente à espera de emprego e dos gestos mecânicos e repetitivos do passado.
O principal objetivo do Grupo Parlamentar do Partido Socialista é o de garantir oportunidades para que
mulheres e homens possam ter acesso a um trabalho digno e produtivo, em condições de liberdade, equidade
e dignidade. É também assim que se constrói uma sociedade decente.
O teletrabalho é uma das promessas da transição digital e, como todas as mudanças tecnológicas do
passado, terá as consequências que o seu uso social ditar.
Cabe-nos, por isso, enquanto legisladores, assegurar que essas consequências representarão um ganho
para todos, em especial para os trabalhadores, porque onde a lei não regula triunfa o mais forte, cristalizam-se
as más práticas.
Cabe-nos, Sr.as e Srs. Deputados, enquanto legisladores, tudo fazer para que as oportunidades sejam
viabilizadas e os riscos minimizados para que, no futuro, quando olharmos para 2020 como um ponto de
viragem, seja com satisfação e não com pesar pelo que se abateu sobre nós e sobre o mundo.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedidos de esclarecimento. Como pretende responder?
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça Mendes (PS): — Respondo em conjunto, Sr. Presidente.
O Sr. Presidente: — Muito bem, Sr.ª Deputada. Assim sendo, para formular o primeiro pedido de esclarecimento, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel
Pires, do Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendes, já aqui dissemos que o debate de hoje é bastante importante e que deve servir, acima de tudo, para clarificar conceitos e conferir
maior proteção aos trabalhadores e às trabalhadoras.