19 DE MAIO DE 2021
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investimento, proteger os consumidores, nomeadamente os mais frágeis, e apostar na qualidade de serviço e
na inovação que têm marcado o setor. A regulação e a concorrência neste setor são fundamentais.
Recordo aqui que a pandemia alargou as desigualdades já existentes no domínio digital e acelerou a
transformação. Medidas como a tarifa social da internet visam combater essas assimetrias e desigualdades e a
coesão territorial é igualmente uma prioridade nesta matéria para o Partido Socialista.
Sublinho duas questões das muitas já levantadas neste debate e que foram referidas pelo Sr. Secretário de
Estado: o alargamento do serviço universal ao serviço de internet e a promoção da tecnologia 5G.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista, respondendo ao repto do Governo e dos outros partidos, vai
propor um largo debate desta proposta, para que seja mais do que uma simples transposição de diretiva. Dessa
forma, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista vai propor a constituição de um grupo de trabalho na 6.ª
Comissão para promover o debate e os consensos necessários. Podem contar connosco para esse diálogo.
Esperamos contar com todos para termos uma lei das comunicações eletrónicas robusta e transparente.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Jorge Paulo Oliveira, do PSD.
Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Secretários de Estado: Chegar sempre tarde e a más horas parece ser o lema do Governo. Depois de falhar o prazo para transpor para
o direito interno a diretiva do Código Europeu das Comunicações Eletrónicas, o Governo conseguiu falhar
igualmente o prazo para responder ao processo interposto contra Portugal pela Comissão Europeia pela falha
daquele primeiro prazo. Isto é verdadeiramente insólito, Sr. Secretário de Estado!
O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — O Código Europeu das Comunicações Eletrónicas foi aprovado em 2018, mas o Governo deixou para a 25.ª hora a submissão da proposta de transposição desta diretiva, pelo que,
à luz das regras europeias, Portugal está em situação irregular e vai ter de continuar nesta situação pelo menos
durante mais algum tempo.
Sr. Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, a pandemia pode justificar muita coisa, mas não
justifica tudo, e a circunstância de outros Estados-Membros também não terem ainda transposto esta diretiva
comunitária não serve de justificação, quando muito poderá servir de atenuante para o Governo.
Aplausos do PSD.
O Governo deixou para a 25.ª hora a submissão desta proposta de transposição e pediu urgência ao
Parlamento. Sr. Secretário de Estado, compreendemos a urgência, temos bem presente que o Código Europeu
das Comunicações Eletrónicas é um instrumento jurídico de relevância extrema para o futuro do setor das
comunicações, quer em Portugal, quer no restante espaço comunitário. Temos bem presente a importância que
este diploma pode assumir na defesa do consumidor que, como sabemos, está cada vez mais dependente do
tráfego de dados e dos serviços de acesso à internet, e não ignorámos os passos que neste diploma são dados
nesse sentido.
Também temos bem presente a importância que este diploma tem para os setores da saúde, da segurança,
da educação e da economia, campos onde mais impacto têm as exigências de uma gestão eficaz da capacidade
de redes fixas e móveis de comunicação.
Sr. Secretário de Estado, temos bem presente tudo isto, mas, como deve concordar, connosco e com esta
Câmara, esta não é uma discussão que se possa fazer à pressa, não é uma discussão que se possa fazer às
«quatro pancadas» e «a mata-cavalos». Não contem connosco para um debate dessa natureza e com esse
apreço. Não é isso que se espera nem é isso que se exige da parte do Parlamento e, como já foi referido pelas
diversas bancadas, há demasiadas matérias que demandam uma análise muito cuidada e muito refletida.