19 DE MAIO DE 2021
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que correm a nível dos municípios, embora o alerta deixado relativamente ao faseamento e à preponderância
que tem nos diferentes meses seja também relevante.
O facto de ser uma receita das autarquias e de ter vindo aqui numa altura extraordinária, em que até já se
estão a emitir guias de pagamento, coloca também questões que têm de ser trabalhadas relativamente aos
valores inscritos na legislação que nos é apresentada, tanto quanto às alterações aos valores, às reduções de
50% ou até de mais do que esses valores, como quanto ao número de tranches em que se procederá a este
pagamento. Parece-nos que, nesta componente, poderá tratar-se de uma alteração cega, pelo que, achamos
nós, deverá ser trabalhada em especialidade e compreendida.
Percebemos a necessidade da sua aceleração relativamente à pandemia, mas também nos parece muito
importante ter em consideração o problema da forma como o imposto municipal sobre imóveis implica, ou não,
na preservação do património. Ou seja, nas tantas penalizações que poderiam existir por património devoluto,
entre outras medidas, achamos que também podem ser trabalhadas as majorações que existem e que estão
sob a alçada dos municípios, que as podem utilizar ou não.
Posto isto, parece-nos uma matéria para ser discutida e avaliada em especialidade. O seu fundo está correto,
quanto à forma de aplicação é que temos dúvidas.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Nuno Sá, do Partido Socialista.
O Sr. Nuno Sá (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não colocamos em causa a bondade e os objetivos sociais da proposta da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, mas não a podemos
acompanhar, pelo menos nos exatos termos em que são propostos.
Note-se que o atual regime vigente de IMI resultou de negociações junto da Associação Nacional de
Municípios Portugueses, tendo em vista acautelar questões de liquidez dos próprios municípios. O IMI é uma
receita exclusivamente municipal e os próprios municípios podem decidir a fixação da taxa, pelo que qualquer
alteração nessa matéria poderá ter impactos consideráveis e criar-lhes dificuldades.
Considerando os valores propostos para as três prestações e para as cinco prestações, também nos parece
que existe uma desproporcionalidade da alteração do terceiro escalão, além de que, como já foi dito, não se
acautela o aumento dos custos de contexto para o Estado, os quais advêm das operações necessárias para
efetivar, na prática, esse aumento de escalões, nem sequer no tempo em que a proposta é apresentada.
O que é muito importante é que, com a apresentação desta iniciativa, a Assembleia Legislativa madeirense
convoca-nos a todos para a necessidade de apoiar as empresas e as famílias em consequência da pandemia,
e é precisamente isso que o Governo tem feito. Que não reste qualquer dúvida de que, desde o início da
pandemia, o Governo fez todos os esforços e adotou todas as medidas possíveis precisamente para ultrapassar
a grave crise sanitária com a preocupação central de combater as dificuldades económicas e os problemas
sociais.
No contexto de pandemia que temos enfrentado, com fortes impactos económicos e sociais, o Governo nunca
faltou ao apoio de que necessitaram as famílias e as empresas, e vai continuar a ser assim.
Nos primeiros três meses do ano de 2021, a despesa do País com as medidas extraordinárias de apoio na
segurança social atingiu os 804 milhões de euros. Medidas como o layoff simplificado, o apoio extraordinário à
retoma progressiva de atividade, o apoio excecional à família, o subsídio por doença COVID-19 e o isolamento
profilático, em conjunto com os apoios extraordinários ao rendimento dos trabalhadores, incluindo os
trabalhadores independentes, foram e estão a ser decisivas para as pessoas e suas famílias.
Só no primeiro trimestre, os apoios efetivos às empresas através do programa APOIAR atingiram os 532
milhões de euros. Se juntarmos estes apoios às empresas aos apoios aos custos de trabalho, temos uma
despesa a favor das empresas que alcança, em três meses, os 1182 milhões de euros.
Assim, fica bem claro que, apesar das dificuldades e da exigência do que estamos a passar, tem sido dada
resposta, sem hesitar, às pessoas, às famílias e às empresas, tal como, aliás, nos provoca a Assembleia
Legislativa madeirense com essa preocupação.