20 DE MAIO DE 2021
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Procurando responder já ao Sr. Deputado José Moura Soeiro, ligando as duas questões quanto às
plataformas digitais, a intenção que temos é a de criar uma presunção de «laboralidade» para que estes
trabalhadores tenham contratos de trabalho, como qualquer outro trabalhador, reconhecendo que há situações
em que é a própria pessoa que não quer ter um contrato de trabalho porque acumula com outro tipo de
situação. Mas queremos criar uma presunção de «laboralidade» para que todos os trabalhadores que estejam
sujeitos a várias das regras do contrato de trabalho sejam enquadrados como qualquer trabalhador, à
semelhança, aliás, do que está a ser feito em muitas das discussões europeias.
Sr. Deputado José Soeiro, também subscrevo a preocupação que demonstrou no sentido de procedermos
às alterações necessárias para termos uma agenda para o trabalho digno.
Protestos do Deputado do PCP Bruno Dias.
Aliás, na minha intervenção, fiz a identificação das áreas prioritárias para garantir esta agenda do trabalho
digno, seja no combate ao recurso abusivo ao trabalho temporário e em garantir o melhor enquadramento
deste tipo de prestação; seja em regular as novas formas de trabalho associadas às transformações de
trabalho e à economia digital, reforçando os direitos de quem presta trabalho através das plataformas digitais;
seja através da regulação das novas formas de trabalho; seja através da garantia da efetividade do direito à
desconexão; seja através do reforço dos poderes e das competências da Autoridade para as Condições do
Trabalho, para ser mais eficaz na sua intervenção; seja, também, no reforço das relações coletivas de
trabalho, nomeadamente através do alargamento da cobertura da negociação coletiva a trabalhadores que,
hoje em dia, estão fora ou, através de incentivos e de criação de condições de acesso a apoios públicos,
condicionados à existência de contratação coletiva, para a incentivar e dinamizar.
Por outro lado, também subscrevo a preocupação em melhorar os mecanismos de controlo e de reforço da
fiscalização no âmbito das cadeias de subcontratação. Estamos disponíveis para discutir e levar ao limite o
que, de alguma forma, se tentou consagrar com a alteração de 2016, nomeadamente a alteração do artigo
551.º. E aproveito para dizer que o n.º 4 desse artigo — penso que era a isso que o Sr. Deputado se estava a
referir — foi utilizado várias vezes por inspetores da ACT. Admito que não tenha sido levado ao limite a que
poderá ser levado, e acho que essa deverá ser a discussão a fazer, procurando encontrar mecanismos
eficazes para garantir que há uma responsabilização da cadeia de contratação e que impedimos fenómenos
como aqueles a que assistimos, nomeadamente de cedência ilícita de trabalhadores que, depois, geram
condições de trabalho indignas que não podem ser aceites por nenhum de nós.
Sr.ª Deputada Alma Rivera, quanto à questão que suscitou da precariedade, reitero o que disse sobre o
nosso compromisso e a nossa disponibilidade para reforçar os mecanismos de combate à precariedade. Está
a ser ultimado um estudo sobre call centers, o que, aliás, era um dos compromissos que tínhamos, para que
possamos daí retirar algumas conclusões.
O Sr. Presidente: — Tem de terminar, Sr.ª Ministra.
A Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Sr. Presidente, vou terminar. Sr.ª Deputada Carla Barros, ao ouvi-la fico a pensar que viveu num mundo alternativo enquanto o PSD
estava no Governo.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Não, não!
A Sr.ª Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: — Se houve altura em que não existiu contratação de funcionários públicos — pelo contrário, houve distribuição de funcionários públicos! — foi no
Governo anterior.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Ministra, tem mesmo de terminar.