I SÉRIE — NÚMERO 69
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Entretanto, não referiu na sua intervenção relativamente a esta questão um elemento que seria importante.
Não trouxe o reconhecimento de que, enquanto foi Governo, o PSD nada fez para valorizar os trabalhadores do
SEF, antes procurou, como em toda a Administração Pública, desvalorizar as suas carreiras, cortar nos seus
salários e direitos, degradar as suas condições de trabalho.
Por outro lado, o PSD não refere outro aspeto importante, que é a ação contra os imigrantes, contra todos
os que procuraram, em Portugal, um trabalho para sobreviverem e melhorarem a sua vida e a dos seus, a opção,
cada vez mais gritante, de estigmatizar aqueles que contribuem com o seu esforço para a economia nacional, o
que, concordará, neste ambiente geral, criou as condições propícias a que alguns se pudessem sentir à vontade
para praticar abusos e violações à lei que devem ser frontalmente afastados, como é o caso de Odemira.
Não lhe parece, Sr. Deputado, que a resposta a problemas que existam no SEF, para além da restruturação
ou não restruturação, está mais na valorização dos agentes do SEF, dos seus salários e das suas condições de
trabalho, dos seus direitos e até da sua formação?
Está o PSD disponível para isso ou, quando se falar de aumentar os salários dos trabalhadores do SEF e da
Administração Pública, em geral, como hoje exigem na greve convocada pela Frente Comum, vai levar as mãos
à cabeça e dizer que isso nem pensar?
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Romualda Fernandes, do Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
A Sr.ª Romualda Fernandes (PS): — Sr. Presidente, cumprimento o Sr. Deputado André Coelho Lima, que nos trouxe uma multiplicidade temática sob um denominador comum, que é como atacar o MAI.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Nem era preciso! Ele próprio trata disso!
A Sr.ª Romualda Fernandes (PS): — Mas, atendendo ao tempo de que disponho, vou concentrar a minha pergunta na restruturação do SEF.
Todos temos conhecimento do doloroso calvário que os cidadãos imigrantes passam para obter autorizações
e renovações dos títulos de residência e do reagrupamento familiar, por falta de resposta do SEF.
Não podemos ignorar a necessidade de mudar a forma como este serviço se relaciona com os imigrantes.
Esta mudança passa necessariamente pela alteração do paradigma organizacional da Administração Pública
na relação com a pessoa do imigrante, que não pode ser visto a priori como suspeito criminoso.
O Sr. José Magalhães (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Romualda Fernandes (PS): — A estrutura orgânica atual do SEF é bicéfala, comportando funções policiais e funções de administração da autorização e documentação dos imigrantes.
O Programa do Governo em boa hora propôs a separação das funções policiais e administrativas, focando a
sua estratégia na simplificação dos trâmites administrativos, na autorização e renovação dos títulos de
residência, do reagrupamento familiar, encurtando os prazos de processamento da documentação e criando um
cartão de cidadão para as pessoas imigrantes.
A disponibilização deste cartão permitirá aos seus titulares aceder a uma desmaterialização do atendimento,
por via da internet, melhorando as relações entre os organismos públicos.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, já ultrapassou o seu tempo.
A Sr.ª Romualda Fernandes (PS): — Termino, Sr. Presidente, dizendo que os Deputados da bancada do Partido Socialista consideram que a separação das funções policiais e administrativas representam um ganho
de eficácia quer para a documentação quer para questões de vigilância e de criminalidade.
Pergunto se concorda com esta separação e, não concordando, qual é a alternativa que nos apresenta que
não seja deixar tudo mais ou menos na mesma.
Aplausos do PS.