21 DE MAIO DE 2021
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Mas as pessoas, evidentemente, devem ter os devidos cuidados e nem todas as entidades têm os mesmos
cuidados relativamente à realização de iniciativas. Sobre isto sabemos muito bem do que falamos.
Houve, neste caso, uma subestimação quer por parte dos organizadores, quer por parte, também, das forças
de segurança. Aliás, isso é notório. Ontem mesmo, numa situação em que não era previsível que houvesse um
tão grande afluxo de adeptos junto ao estádio do Sporting Clube de Portugal, houve um enorme dispositivo
policial, um pouco na base daquela ideia de que «depois de casa roubada, trancas na porta».
Mas, de facto, houve uma subestimação da multidão que se poderia acumular e isso é, evidentemente,
criticável. O Sr. Deputado faz bem em criticar as várias entidades que deveriam ter tido uma maior atenção a
esse problema e tomado as devidas medidas para garantir a segurança sanitária, sendo que, à partida, os
próprios organizadores devem ter esse cuidado. Não é só um dever cívico, é, também, um dever de garantir a
saúde das pessoas.
Em relação a isso, fará justiça considerar que, sempre que o PCP promoveu iniciativas em que se poderiam
juntar muitas pessoas, foram tomadas todas as medidas para que não houvesse nenhum problema a esse nível.
O Sr. João Oliveira (PCP): — É verdade!
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Deputado, relativamente à questão de Odemira, acho que o problema não é a concessão de autorizações de residência.
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Filipe (PCP): — Vou terminar, Sr. Presidente, O problema é o facto de os trabalhadores não terem sequer autorização de residência, sendo vítimas de
redes de tráfico de mão-de-obra, para exploração laboral, e o facto de haver uma inércia da ACT, relativamente
à fiscalização dessas situações.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem mesmo de concluir.
O Sr. António Filipe (PCP): — O problema é, claramente, de falta de fiscalização e não de permissão de entrada, em diversas situações.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para um pedido de esclarecimento, o Sr. Deputado Telmo Correia, do Grupo Parlamentar do CDS-PP.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado André Coelho Lima, em primeiro lugar, felicito-o pelo tema e pela intervenção abrangente que nos trouxe. O Sr. Deputado foi a vários temas dentro da
mesma área e diria mesmo que a sua declaração tem um ponto comum, que é o Ministro Eduardo Cabrita. É
uma matéria, de facto, da maior premência e, neste caso, diria que é uma «premência» que rima com
«incompetência», para encontrarmos mais uma rima a propósito deste assunto.
Estou de acordo com a maior parte das coisas que o Sr. Deputado disse quanto à questão de Odemira, à
questão do SEF e à questão dos festejos.
Começando pelos festejos, é muito simples. O Sr. Presidente da República tem toda a razão quando diz que
o que aconteceu nos festejos foi que quem deveria prevenir não preveniu. Foi tão simples como isso! Quem
deveria prevenir, informar e organizar não o fez. Esse foi o problema principal, independentemente, depois, de
problemas que possa ter havido com os adeptos, dificuldades da polícia, etc. Neste caso, a falha é óbvia.
Mas podíamos juntar a isto ainda coisas, como, por exemplo, as golas antifumo, um SIRESP (Sistema
Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) sem contrato a dois meses da época de incêndios,
a negação das rotas de tráfico ilegal de imigrantes para o Algarve. Enfim, aos assuntos que trouxe poderíamos
somar ainda muitos outros.