29 DE MAIO DE 2021
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Propostas que visam a comparticipação integral de medicamentos, para mais em universos e contextos não
delimitados, devem ser encaradas com sentido de responsabilidade.
Consideramos necessário olhar para este problema do acesso a medicamentos por parte das populações
mais desfavorecidas com o necessário equilíbrio que este tipo medidas tem sobre a despesa pública, a qual,
cada vez mais, enfrenta sérios riscos de insustentabilidade. Cabe-nos, por isso, encontrar a harmonia legislativa
para uma justa intervenção do Estado, o equilíbrio das contas públicas e a necessária solidariedade para com
os casos mais flagrantes de pobreza estrutural.
É preciso a responsabilidade do projeto de resolução do CDS, que votaremos a favor, embora com reforço
dos critérios de atribuição e a necessária clarificação da metodologia a implementar, e não podemos cair na
demagogia fácil do projeto de lei do PCP, contra o qual votaremos, em que, sem critério e sem avaliação de
custos, se promete tudo a todos.
Tudo para todos é a velha cantiga das esquerdas, em que cada vez menos pessoas vão caindo. Os
portugueses já perceberam que se fosse tudo para todos não sobrava nada para ninguém.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Alberto Machado (PSD): — Uma ilusão bonita, quase idílica, mas sem sustentação. Uma vigarice, portanto.
Vozes do BE: — Eh lá!…
O Sr. Alberto Machado (PSD): — Aliás, a este respeito, quem não se recorda daqueles famosos outdoors que o Partido Socialista utilizou na campanha das legislativas de 2009, nos quais propagandeava que o Governo
de José Sócrates tinha dado «genéricos gratuitos aos idosos com menores rendimentos»? Já não se lembram?!
Aqui está ele…
Aplausos do PSD.
Foi a 18 de março de 2009, pouco antes das eleições legislativas, que o Primeiro-Ministro José Sócrates
prometeu, nesta Assembleia, o reforço da comparticipação do Estado no preço dos medicamentos genéricos
para os pensionistas com pensões inferiores ao salário mínimo.
Na altura, muitos dos Srs. Deputados do Partido Socialista, alguns ainda aqui presentes, bateram palmas
com afinco.
Protestos da Deputada do PS Joana Lima.
A verdade é que o Partido Socialista aprovou mesmo essa gratuitidade, através do Decreto-Lei n.º 129, de
maio de 2009.
Na altura, piedosamente, o PS afirmava que se «tratava de um novo e merecido apoio do Estado social aos
idosos com menores posses». O problema, Srs. Deputados, é que, vencidas as eleições legislativas pelo Partido
Socialista, o Governo do PS revogou imediatamente o referido diploma, argumentando que os custos dessa
gratuitidade eram excessivos.
Porque recordo este episódio pouco edificante da governação Sócrates?
A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — Que desonestidade!
O Sr. Alberto Machado (PSD): — Apenas por respeito aos nossos idosos, que não merecem ser usados na luta política, dando-lhes o que não se lhes pode garantir!
O PSD é, e sempre será, um partido responsável, pelo que não prometemos tudo a todos.
Protestos da Deputada do PS Joana Lima.