17 DE JUNHO DE 2021
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O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Por isso é que os planos de paisagem são tão
essenciais.
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Quatro anos! Já passaram quatro anos!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Não parta do princípio, por exemplo, de que há
sempre mais biodiversidade num território que conhece bem e que lhe é familiar do que num território de
culturas intensivas. Não é verdade! Se, de facto, o território for bem gerido e se for gerido em mosaico, nuns
casos há noutros casos não há.
Sobre a questão das infestantes, quero dizer-lhe que há um aviso de 15 milhões de euros do Programa de
Desenvolvimento Rural (PDR) para a remoção de infestantes de lenhosas, estando prevista a abertura de um
outro.
Volto ao que acredito mesmo ser a política certa, Sr.ª Deputada: o que é absolutamente essencial é acabar
com as extensões de monoculturas, e aquela que é mais evidente em Portugal é a do eucalipto.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Queira concluir, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Termino já, Sr. Presidente.
Não podemos ter extensões de monocultura como aquelas que temos, e a transformação desse território
passa mesmo pela existência de planos de paisagem que façam as propostas certas para os sítios certos e
que proponham os mosaicos necessários para que a nossa paisagem seja mesmo diferente daquilo que é
hoje.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, penitencio-me por ter faltado à primeira ronda,
mas o dom da ubiquidade ainda não me assiste.
Cumprimento o Sr. Ministro, os Srs. Secretários de Estado, as Sr.as e os Srs. Deputados.
Sr. Ministro, depois de mais de três horas de debate, confesso que ainda tenho muita dificuldade em
perceber a lógica de algumas das dezenas de medidas que aqui são discutidas, nomeadamente aquelas que
têm que ver com a emissão de gases com efeito de estufa.
Quando o Sr. Ministro anuncia que, no futuro, entre PRR, os novos quadros comunitários e a reafetação de
verbas, vamos ter — penso que foi no que falou — 13 000 milhões de euros para investir, a lógica desses
investimentos, que mais tarde ou mais cedo vão acabar por ser suportados pelos contribuintes portugueses,
ainda mais importante é.
Penso já ter referido uma vez em Plenário, consigo, Sr. Ministro, que esta confusão tem um bocadinho a
ver com o facto de a matéria ambiental se ter transformado numa espécie de religião, que tem os seus
dogmas, que ninguém consegue nem pode questionar, que tem os seus profetas, cujas opiniões são
sacrossantas e que também tem os seus hereges. Eu acho que sou um dos hereges, estou aqui a sujeitar-me
ao auto de fé — não é uma bala de prata, esteja descansado; acho que isso tem que ver com os lobisomens,
e disso ainda não me acusaram —, e o auto de fé é daqueles que não subscrevem integralmente as posições
mais extremistas dos extinctionrebellion desta vida.
O Sr. Nelson Peralta (BE): — As alterações climáticas não existem, não é?!…
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Portanto, gostava de poder perceber qual é a lógica de decisão
das várias medidas que são adotadas pelo Governo português e, sobretudo, aquelas que irão ser adotadas.
Isto porque, na Iniciativa Liberal, achamos que é tão grave não fazer nada, porque se nega o problema, como
fazer tudo o que um qualquer alarmista de turno lançou para a agenda nesse mês.
Vem isto a propósito do Acordo de Paris, que está a perfazer cinco anos de vigência e que previa que, no
final do ano passado, a União Europeia e Portugal também apresentassem a revisão das suas NDC (nationally
determined contributions), isto é, as contribuições nacionalmente definidas.