17 DE JUNHO DE 2021
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qualidade da águas das praias da Costa do Estoril. Ao longo do tempo, todo esse sistema foi sendo
melhorado.
Não tendo a mais pequena dúvida de que a ETAR da Guia tem de dar um salto grande do ponto de vista
da sua qualidade de funcionamento, isso não quer dizer que não estejam a ser cumpridos todos os parâmetros
e que Portugal não tenha — coisa que V. Ex.ª nunca viu — …
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Assobiam para o lado e não resolvem o problema!
O Sr. Ministro do Ambiente e da Ação Climática: — Como dizia, isso não invalida que Portugal tenha
372 bandeiras azuis, das quais 42 são no interior.
Sr. Deputado, a água do mar não está a melhorar, o que está a melhorar é o tratamento dos esgotos em
terra, e é isso que faz com que a qualidade das águas em Portugal seja excelente.
Não vou citar, ao contrário do PSD, nenhuma associação ambientalista pelo nome, mas as notícias que
ainda hoje também vi referidas nos jornais falam nas «praias douradas» ou nas «praias de ouro» e dizem que
Portugal nunca teve tantas «praias de ouro» como aquelas que tem hoje.
E a classificação não é minha, é daqueles que o PSD cita mais amiúde.
Aplausos do PS.
Protestos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem agora a palavra o Sr. Deputado Nelson Silva, do PAN.
O Sr. Nelson Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, já que a Sr.ª Deputada do PS não
quis fazer esse reconhecimento, aceito o agradecimento tácito que fez ao PAN pela matéria relativa aos
plásticos e microplásticos.
Sr. Ministro, a aposta nas energias renováveis é fundamental para o País, seja pela descarbonização, seja
pela redução da dependência energética, e até aí acredito que estamos todos de acordo. Existem, contudo,
dois aspetos nos quais discordamos: primeiro, os impactos ambientais; segundo, as opções sociais da aposta
nas energias renováveis prosseguidas por este Governo.
O Sr. Ministro aposta nas grandes centrais solares. Nós dizemos que a única forma de minimizar os
impactos ambientais da energia solar é investir nas pequenas centrais solares e, especialmente, na
microprodução e nas comunidades energéticas. E também dizemos que entre beneficiar as condições de
mercado da EDP e as oportunidades que as pessoas poderão retirar com a produção de energia solar e eólica
preferimos, ao contrário do Governo, beneficiar as pessoas.
Sr. Ministro, quando é que tenciona rever a legislação e as condições tarifárias para que as pessoas e as
comunidades energéticas possam vender energia à rede em condições vantajosas?
Quando é que vai resolver o problema dos obstáculos que a REN, que, por coincidência, tem o mesmo
acionista que a EDP, tem vindo a colocar relativamente aos contadores para injeção à rede, consoante as
várias denúncias que temos recebido?
E que tal, Sr. Ministro, solucionar o problema da pobreza energética no nosso País, permitindo que as
microproduções possam vender energia aos seus vizinhos, ao seu município, com preços altamente
acessíveis e regulados?
A nível técnico, nada o impede. Será que esta opção política não tem o único propósito de manter a
dominância monopolizadora do mercado energético em Portugal?
E nas várias intervenções do Secretário de Estado João Galamba não ouvimos uma única palavra sobre o
fortalecimento da rede elétrica para suportar quer a produção, quer o novo consumo, nem ouvimos nada sobre
o facto de termos tanta riqueza energética e, no entanto, termos das energias elétricas mais caras da Europa.
É que, ao contrário do que disse, não é com os preços de compra atuais que vamos beneficiar as pessoas.
Porque será? Não será para permitir a tal dominância da REN e da EDP?
Sr. Ministro, o Governo aprovou, mediante despacho, em 2019, a atribuição da recolha seletiva de
biorresíduos aos sistemas multimunicipais, cujo acionista maioritário é a Empresa Geral do Fomento, S.A., do
grupo Mota-Engil.