18 DE JUNHO DE 2021
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O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Recordo que, em 2019, só ao fim dos primeiros 160 dias é que os rendimentos dos portugueses cobriram os impostos devidos ao Estado. Isto é, só a partir do dia 15 de junho é
que, em sentido teórico, naturalmente, ocorreu o dia da libertação dos impostos, o dia do ano em que os
portugueses se livraram da sua carga fiscal.
E já que falámos de crescimento económico, era importante assinalar que não vemos como podemos
celebrar um crescimento do PIB de 2,2% sabendo que todos — repito, todos — os 15 países da coesão, ou
seja, aqueles que têm rendimentos per capita abaixo da média europeia e com os quais nos podemos comparar,
cresceram mais do que nós. Isto tem um significado: significa que estamos a empobrecer em termos
comparativos.
Um segundo fator que permitiu a obtenção do excedente orçamental foi, como referi, uma despesa inferior à
projetada, muito por força da pronunciada subexecução do investimento público.
Em 2019, o investimento público ficou 44,4% aquém do orçamentado. Por investir, ficaram,
aproximadamente, 1000 milhões de euros. Portanto, não foi ainda em 2019 que o Governo conseguiu superar,
quer em termos absolutos, quer em termos relativos, o investimento público realizado em 2015, ou seja, no
último ano da governação do PSD/CDS-PP.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, manda a verdade que se diga que o excedente orçamental foi
conseguido, em boa medida, à custa da deterioração da qualidade dos serviços públicos. Em contrapartida, pela
entrega ao Estado da maior receita fiscal de sempre — repito, sim, da maior receita fiscal de sempre —, os
portugueses receberam serviços públicos no mínimo. O preço que pagámos para alcançar um excedente
orçamental, como referiu o Presidente do Conselho Económico Social, Dr. Francisco Assis, foi: «Uma contração
muito significativa do investimento público durante os últimos anos. Em alguns casos, essa redução foi ao ponto
de pôr em causa a própria manutenção de alguns equipamentos. Chegámos mesmo aos limites mínimos do que
seria aceitável, com repercussões negativas ao nível do crescimento económico».
Estamos todos esclarecidos. E não, não vale a pena argumentar com o passado. O passado condiciona o
futuro, mas o que possa ter acontecido em 2015, ao fim de 4 anos, ao fim de uma legislatura completa, não
pode justificar o baixo investimento público verificado em 2019, repetidamente prometido em 2016, em 2017 e
em 2018.
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Muito bem!
O Sr. Jorge Paulo Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Secretária de Estado, o ano de 2019 fica marcado pelo primeiro excedente orçamental, sim, mas à custa da arrecadação máxima de
impostos e contribuições, de serviços públicos no mínimo, na baixa taxa de execução do investimento público e
na baixa taxa de execução dos fundos comunitários, e tudo isso teve, e tem, o seu preço e os portugueses estão
a pagá-lo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Cecília Meireles, do CDS-PP.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Não acho que se deva defender uma coisa quando se está no Governo e outra quando está na oposição, e também
não acho que quer se esteja no Governo, quer se esteja na oposição, se deva defender uma coisa e fazer outra.
Se, no passado, fui a favor de contas públicas equilibradas, continuo, no presente, a ser a favor de contas
públicas equilibradas e a achar que, em momentos de expansão económica, a existência de um superavit
prepara o País para momentos de crise, precisamente para se poder agir em momentos de crise.
Portanto, a minha divergência em relação à Conta Geral do Estado não é a existência de superavit, muito
pelo contrário, mas é, sim, a forma como lá se chegou.