25 DE JUNHO DE 2021
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Foi quando o País precisou de ficar em casa, com esta pandemia, que o problema da crise habitacional
revelou os maiores riscos sociais e é evidente que não pode, por isso, existir combate à crise, não podemos
mesmo recuperar o País sem que se faça do acesso à habitação digna um dos grande objetivos do nosso
Plano de Recuperação e Resiliência.
Aquele que foi, durante décadas, um direito menosprezado por sucessivos Governos, o parente mais pobre
do Estado social, tem sido um dos pilares fundamentais desta governação: garantir o acesso à habitação para
todos enquanto obrigação coletiva do Estado, como é a saúde ou a educação. E os investimentos no PRR
fazem avançar esse mesmo desígnio.
Deixar as respostas sociais de habitação ou o acesso das classes médias ou dos jovens ao mercado
habitacional revelou um espetacular falhanço das políticas de direita nesta área, assim como uma profunda
necessidade de intervir nela. Tal intensificou a urgência que o País tem em executar o mais importante
investimento em habitação em décadas, como aquele que consta do PRR. E todo o nosso esforço e energia
tem de estar, de facto, concentrado em aproveitar esta oportunidade para o País num tão curto espaço de
tempo, até 2026.
Aplausos do PS.
O investimento previsto no PRR para habitação é, aliás, um dos melhores exemplos do esforço coletivo, e
a diferentes níveis de governação, necessário para que se cumpra esta oportunidade para as famílias, que
sabem o quão urgentes são as respostas habitacionais.
O crescente número, que já foi aqui falado, de estratégias locais de habitação celebradas entre poder
central e local revelam, justamente, um importante consenso sobre a importância do Programa 1.º Direito para
criar 26 000 soluções habitacionais, ou eliminar 26 000 carências já identificadas. Revelam, também, a
importância vital de combater o maior entrave à intervenção pública para responder à crise habitacional — seja
para criar mais habitação digna ou oferta a preços acessíveis —, que é a reduzidíssima dimensão do parque
habitacional público, que o Governo escolheu, e bem, colocar como prioridade.
Vozes do PS: — Muito bem!
A Sr.ª Maria Begonha (PS): — Estamos perante uma oportunidade de investir mais, concretizar mais, dentro dos objetivos assumidos pelo PS e pelo Governo para ultrapassar desafios estruturais na habitação e
que não se esgotam no PRR: aumentar habitação social e acessível; eliminar do País o flagelo das habitações
inseguras, insalubres ou sobrelotadas; financiar a Bolsa Nacional de Alojamento Urgente e Temporário para
aqueles que mais precisam, acabando com as carências de dignidade habitacional até 2024; melhorar a vida
das classes médias e dos jovens, para quem pagar habitação equivale, tantas vezes, a empobrecimento;
aumentar a oferta de alojamento estudantil; entre outros.
Para cumprir estes desígnios e ultrapassar os desafios na habitação, sabemos que não bastará o PRR e
que, por isso mesmo, o investimento público e as políticas de habitação continuarão para lá do horizonte
temporal de 2026.
Sr. Ministro, focando-nos no PRR, é evidente a importância vital que este instrumento tem para um
verdadeiro impacto em avançar no direito à habitação. E a questão que lhe queremos colocar é sobre a
execução dos mais de quase 3000 milhões para a habitação, para que nenhuma oportunidade nesta área seja
deixada para trás. O Sr. Primeiro-Ministro e o Sr. Ministro dizem que o importante agora é mesmo fazer, pelo
que a nossa questão é a seguinte: no âmbito da execução do PRR, que prioridades e que próximos passos
serão dados nesta área tão importante para o País?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, pelo Grupo Parlamentar do CDS-PP, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.