25 DE JUNHO DE 2021
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A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr.as Deputadas, Sr. Ministro, 2,7 mil milhões, 26 000 fogos para habitação: claramente, este Governo já se inscreveu na história como o Governo
das «casas de papel». Nunca falou tanto sobre uma coisa que fez tão pouco.
Risos do Deputado do PSD Duarte Marques.
Este Governo das «casas de papel» diz-nos que vai fazer isto: vai usar 2,7 mil milhões para 26 000 fogos.
E pergunto, Sr. Ministro, quais são estes 26 000 fogos. Onde é que eles estão?
Vou explicar-lhe porque faço esta pergunta. É que os primeiros 30 concelhos que os pediram, com as
estratégias locais, já chegaram aos 26 000 fogos, e ainda faltam os outros todos.
Portanto, a minha dúvida é como é que o Sr. Primeiro-Ministro anda a passear pelo País a prometer os 26
000 fogos a toda a gente,…
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Exato!
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — … quando as várias estratégias locais de habitação já ultrapassaram em muito esses 26 000 fogos.
Já viram o que é que se está a passar no País real?! Já viram o que é que se está a passar? Anda a
prometer a toda a gente os mesmos 26 000 fogos, quando as estratégias locais, no conjunto, os ultrapassaram
em muito. Só a Área Metropolitana de Lisboa já ultrapassou, os 30 concelhos que se candidataram já
ultrapassaram…
O Sr. Ministro do Planeamento: — Os 26 000?!
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — Sr. Ministro, vou ficar à espera da sua resposta. Mas diria mais uma coisa. Esta política de talho que os senhores seguem, ou seja, à medida que os
municípios chegam vão sendo servidos — portanto, quem chega primeiro, recebe primeiro —, não tem
nenhuma equidade nem justiça social. Onde é que está aqui a equidade ou a justiça social, Sr. Ministro?
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Filipa Roseta (PSD): — O que o PSD propôs, e foi rejeitado duas vezes neste Parlamento pelo Partido Socialista, foi que se investisse o dinheiro na eficiência energética e no apoio aos nossos idosos
isolados.
Nós propusemos — é o que está no nosso documento — que houvesse dignidade na habitação e no
envelhecimento dos mais frágeis até ao último dia de vida. Era essa a nossa proposta, porque os que
precisam de trabalhar precisam de emprego, emprego, emprego — emprego qualificado, emprego para as
suas capacidades, para serem tudo aquilo que podem ser.
Srs. Deputados, gostava que pensassem nisto: o último relatório da Deloitte diz que Portugal tem 6 milhões
de habitações para 4 milhões de agregados. É o País da Europa com mais habitações por habitante — tem
mais habitações que a Alemanha, tem mais habitações que a Itália, tem mais habitações que a França. O País
tem habitações, não tem é cabeça! Nós precisamos de cabeça para pensar como é que isto pode ser feito!
E sabem quem é que é o maior proprietário das habitações que estão abandonadas e devolutas? Sabem?!
É o Estado!
Sabem quem é que era o Primeiro-Ministro, em 2016, que prometeu que ia acabar com o flagelo dos
edifícios abandonados e nos últimos cinco anos não fez nada com os mesmos edifícios que agora está a dizer
que vai reabilitar? Era António Costa!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Bem lembrado!