2 DE JULHO DE 2021
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trabalhadores. Queremos saber se, efetivamente, o Governo acha que é criando alas nos estabelecimentos
prisionais para deter imigrantes em situação irregular que vai resolver este problema.
Entendemos que esse não é evidentemente o caminho e que é necessária a valorização do rio Tejo
enquanto património natural.
Gostaríamos de saber quais são as ações concretas que estão previstas e as que foram levadas a cabo
nos últimos anos.
Aplausos do PAN.
A Sr.ª Presidente (Edite Estrela): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Mariana Silva, do Grupo Parlamentar do Partido Ecologista «Os Verdes».
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Falamos hoje de um tema que preocupa milhares de famílias e que coloca em risco a saúde pública e o meio
ambiente.
As preocupações com a apanha ilegal de bivalves no Tejo já vêm de longe e têm motivado visitas,
perguntas e iniciativas sucessivas.
Situamo-nos hoje nos compromissos assumidos em 2018 pela Ministra do Mar, do anterior Governo do
Partido Socialista. A uma pergunta feita até por um Deputado do partido do Governo, a Ministra assumiu dois
compromissos que são centrais para clarificar esta questão. Por um lado, a elaboração de um plano sanitário,
incluindo a zonagem de subáreas de produção de bivalves no estuário do Tejo, que estaria à responsabilidade
do IPMA.
A pergunta que se impõe Sr. Ministro, é onde está esse plano, quando será posto a debate público e
quando verá a luz do dia. É que, sem o tal plano, tudo o que se possa fazer são meras intervenções
casuísticas, aleatórias, repressivas, eventualmente, mas sem se perceber qual o seu efeito. Nem a
fiscalização prometida pode ser feita em condições, pois não se sabe exatamente o que fiscalizar.
Por outro lado, em relação à criação de um centro de expedição e transformação de bivalves, a famosa
depuradora, cuja obra tinha sido mesmo adjudicada, nesse ano, o que se sabe é que, em junho de 2017, se
realizou uma cerimónia com a Sr.ª Ministra, em que foi assinado um protocolo com esse objetivo. Mais não se
conhece, além da informação de que a obra não se realizou, porque o terreno onde se iria instalar não
suportava a pressão da infraestrutura.
Hoje, soubemos pelo Sr. Ministro, se percebi bem, que a verba para realizar esta obra aumentou 573 000
€, mas ficamos sem saber, na mesma, para quando o início da obra e onde será executada a mesma.
Chegados aqui, a pergunta será a mesma: quando é que teremos o centro de expedição e transformação
de bivalves, que é absolutamente indispensável para valorizar esta atividade e para trazer para a legalidade
uma atividade de grande vulto?
Aproveito o tema para fazer uma outra pergunta ao Governo.
Os bivalves de certas zonas do Tejo apresentam concentrações perigosas de toxicidade, porque as águas
do Tejo, onde nascem e se desenvolvem, têm elevados níveis de poluição, metais perigosos, toxinas e mesmo
coliformes fecais.
Sucede que a apanha de bivalves, com tal intensidade como a que hoje se regista no Tejo, revolvendo os
lodos onde estes elementos nocivos estão depositados, tem, também ela, consequências diretas, fazendo-os
movimentar e entrar na alimentação de espécies diversas, chegando, eventualmente, à alimentação humana.
Temos de intervir a jusante, dotando a zona da depuradora, mas a questão central é a de despoluir o rio,
ou seja, intervir a montante, nas causas dessa poluição e na recuperação das zonas afetadas.
O Sr. José Luís Ferreira (PEV): — Muito bem!
A Sr.ª Mariana Silva (PEV): — Esse é um empreendimento bem mais exigente do que construir uma estrutura. A questão é a de saber quando se darão passos firmes nesse sentido.