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I SÉRIE — NÚMERO 84

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A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — Finda a primeira ronda deste debate, gosto de ver que o PS se refugia na complexidade para dizer «não vamos fazer nada; é complexo, não se faz».

A diferença entre governar e não assumir responsabilidades é fazer. Perante as dificuldades, cria-se um

plano e faz-se. Durante anos e anos, anos e anos, não se criam é planos como desculpa para empurrar para a

frente e não se fazer, que é o que tem acontecido neste caso concreto.

E não, o PSD não acordou agora para o problema; o PSD já colocou questões, já apresentou projetos de

resolução, visitou também o local — para além dos Deputados locais, o Grupo Parlamentar também visitou o

local. E deixem-me que vos diga: finge-se que não se vê um problema que está escandalosamente — tenho

de admitir — à vista de todos.

Sr. Ministro, com toda a honestidade, dizer-se que tem de se tratar a questão como uma questão de crime

ou que não se podem tratar aqueles apanhadores como trabalhadores é não ter noção nenhuma do problema

social que está instalado naquelas comunidades.

Aplausos do PSD.

É não ter qualquer noção.

O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!

A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — De facto, tenho de lhe confessar que o PSD tem muita dificuldade em perceber como é que acham que aquelas filas de pessoas, muitas delas sem qualquer proteção, são

invisíveis.

Percebo pela teoria da invisibilidade daquelas que são as figuras públicas, que, às vezes, estão

desgarradas da realidade no terreno, mas é difícil não ver centenas de homens — crianças, mais novos,

menos novos — que estão ali, que vêm por aquele areal fora, por aquele paredão fora a carregar os sacos às

costas. Só não vê quem nunca lá foi nem se preocupa com o terreno.

O Sr. Adão Silva (PSD): — É verdade!

A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — E não se olhe para aqueles apanhadores como meros apanhadores de uma qualquer espécie numa qualquer zona que não está zonada. Sr. Ministro, aceitava as suas palavras se

me dissesse: «Mas nós temos medidas efetivas para acabar com as ameijoas invasoras no rio Tejo».

É que temos aqui um problema holístico, como agora se usa dizer, em que ou acabamos com as invasoras

ou temos uma solução para a apanha.

Vozes do PSD: — Muito bem!

A Sr.ª Emília Cerqueira (PSD): — E a solução passa pela construção daquela central, passa por aumentar as licenças, por se fazerem análises regulares, por uma intervenção junto daquela população para que haja

saúde pública, para que qualquer um de nós, quando come uma ameijoa, tenha a certeza de que não está a

comer uma ameijoa contaminada que pode pôr em causa a vida de todos nós.

E, mais, aquelas pessoas que lá estão, completamente desprotegidas, precisam que se revejam as

licenças, para que se adequem, e este Governo tem de encontrar soluções de habitação. Não só este

Governo, mas também os partidos que o apoiam. Já são seis os Orçamentos aprovados — estamos quase no

sétimo — e fingem que chegaram hoje ao mundo! E isso é uma coisa do outro mundo, em que nem podemos

acreditar! É do outro mundo!

Para esses partidos, tudo o que conta é o tempo em que estivemos intervencionados pela troica e o que

não fizemos. O resto é um apagão de sete anos. Sim, porque vamos em sete anos desta governação que nos

desgoverna e que finge que os problemas não existem.

Portanto, o que queremos saber mesmo é o seguinte: o Governo vai estar com o PSD, acompanhar as

nossas preocupações no sentido de uma intervenção que seja integrada, social, de migração, de saúde