9 DE JULHO DE 2021
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Terminamos, deixando aqui uma última palavra em relação à Conferência sobre o Futuro da Europa, que
também é uma das prioridades. Parece-nos que esta é uma oportunidade para um debate profundo sobre os
tratados, a sua aplicação concreta e sobre a melhoria da vida dos cidadãos europeus.
Estamos empenhados nesse debate, mas faremos tudo o que estiver nas nossas mãos para garantir que ele
seja o mais descentralizado possível, estimulando a participação da sociedade civil e das suas instituições. Não
precisamos de uma iniciativa desconectada das pessoas só para marcar calendário.
Continuaremos a defender o pluralismo, a justiça, a solidariedade, a igualdade real para todas as pessoas.
E desejamos que a Presidência eslovena sirva estes propósitos, porque é nestes propósitos que está também
o futuro da Europa, uma Europa que só será unida se for democrática, livre, igualitária para todos.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Fernando Negrão): — Tem agora a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Bruno Dias, do PCP.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Ministro, Sr. Secretário de Estado, Sr.as e Srs. Deputados: Como já foi, de resto, apresentado neste debate, o essencial das prioridades da Presidência eslovena do
Conselho da União Europeia mantem uma linha de continuidade face às presidências que a antecedem,
nomeadamente a portuguesa e a alemã.
Estamos perante orientações que prosseguem no mesmo sentido, ao longo do trio de presidências,
continuando, na divisão de tarefas que estava prevista, com maiores ou menores recentramentos a Leste ou
maiores ou menores profissões de fé sobre valores europeus. Aliás, depois de muitos anos com a doutrina do
american way of life, temos agora a prioridade estratégica do european way of life, numa lógica de
aprofundamento das tais rivalidades estratégicas e competições pela supremacia a mascarar o seguidismo dos
blocos político-militares e de potências económicas.
Não podemos deixar de sublinhar que quando se coloca — e alguns têm vindo a fazê-lo — essa falsa
dicotomia entre o aprofundamento do federalismo e a perspetiva do mercado único, sem partilhar outras
perspetivas de linha da União Europeia, importa chamar a atenção para o facto de que falsos dilemas e falsas
dicotomias não mascaram o problema de que o «canto do cisne» do aprofundamento não pode ter como
alternativa manter tudo como está ou manter «só» — com umas aspas muito grandes — este mercado único
que continua a beneficiar as grandes potências.
O Sr. Ministro já se referiu às prioridades assumidas pela Presidência eslovena no que diz respeito à resposta
à pandemia, em que o combate à epidemia da COVID-19, na perspetiva da Presidência eslovena e no discurso
de apresentação, é considerada a estratégia europeia de vacinação com um balanço claramente positivo.
Por estes dias, temos sido confrontados com a informação, em termos comparativos, de que Portugal está
na linha da frente nas campanhas de vacinação em proporção com a sua população. Isto significa que, com as
dificuldades e os problemas que temos tido, ao comparar com o que se passa no resto da Europa, bem se
confirma e bem se demonstra que tínhamos razão em alertar para a necessidade de uma outra política de
resposta à epidemia, nomeadamente em relação ao nosso País, no que diz respeito à diversificação do
fornecimento de vacinas para fazer face a esta crise epidémica e para pôr um ponto final na situação de
escândalo autêntico em que se verificou esta parceria público-privada com os grandes laboratórios
farmacêuticos onde os interesses privados e os dos grupos económicos prevaleceram claramente perante o
interesse dos povos e o interesse da saúde pública.
Por outro lado, em relação à chamada «recuperação e resiliência», há uma questão que não pode deixar de
ser colocada relativamente à aplicação dos fundos e à forma como a orientação política da condicionalidade, já
não apenas a condicionalidade macroeconómica e as perspetivas que já vinham de trás, mas até em relação ao
próprio PRR e à orientação que, a partir da Comissão Europeia, nas recomendações específicas por país,
condiciona a soberania e a capacidade de decisão dos países.
Assim, a pergunta que se impõe é: vai o PRR e a aplicação dos seus fundos ficar na dependência do
cumprimento de recomendações de reformas, a partir da União Europeia, naquilo que está definido? É um
aspeto que não podemos deixar de questionar, lembrando aquela afirmação «sejam vocês a vossa própria
troica», que é, pelos vistos, a mensagem dos tempos.