I SÉRIE — NÚMERO 2
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Este projeto de lei inicia a sua exposição de motivos — e, em nosso entender, bem — referindo-se à
Constituição da República Portuguesa, que determina que o direito à proteção da saúde é realizado «através
de um serviço nacional de saúde universal e geral e tendencialmente gratuito».
Ainda nesta exposição de motivos, o CDS refere, e cito: «Existe a ideia generalizada de que, quando algo é
gratuito, não custa nada a ninguém.» E refere, ainda, e cito, que «a saúde não tem preço, mas tem custos».
Sr.as e Srs. Deputados: Celebrámos, ontem, 42 anos do Serviço Nacional de Saúde em Portugal. O Serviço
Nacional de Saúde em Portugal é a garantia de cuidados de saúde universais, pois o que defendemos é mesmo
que o Serviço Nacional de Saúde seja um serviço universal, sem teorias economicistas, geral e tendencialmente
gratuito. E a saúde, para o Partido Socialista, não é um custo, Sr. Deputado, é um verdadeiro investimento!
Aplausos do PS.
Protestos do Deputado do PSD António Maló de Abreu.
E a prova de que a saúde é um verdadeiro investimento nas pessoas é mesmo a forma como o Serviço
Nacional de Saúde respondeu a esta pandemia. E a forma como o Serviço Nacional de Saúde está a recuperar
desta pandemia não implica a necessidade de pedir desculpas, Sr. Deputado, mas de dizer um «obrigado»!
Portugal é hoje o País do mundo com maior taxa de cobertura da população com vacinação completa contra
a COVID-19.
Aplausos do PS.
Esta iniciativa também refere que é preciso maior orçamento para a saúde.
Vejamos: se há luta que o Partido Socialista tem travado é mesmo a da crónica suborçamentação e do
reforço do Serviço Nacional de Saúde. O orçamento da saúde cresceu mais de 700 milhões, em 2021; há mais
29 000 profissionais de saúde, desde 2015; reposição de salários, de horas extraordinárias, das 35 horas; novas
carreiras de técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica, de técnicos de emergência pré-hospitalar, e a
carreira farmacêutica hospitalar.
Não perceber que todo este esforço foi crucial para a forma como o Serviço Nacional de Saúde combateu e
recupera desta pandemia é ignorar o essencial.
Aplausos do PS.
O Grupo Parlamentar do Partido Socialista considera que a iniciativa, aqui apresentada pelo CDS, não define
concretamente um modelo de financiamento, antes, defende a existência de majorações e penalizações na
distribuição das verbas do Orçamento do Estado a afetar às instituições do Serviço Nacional de Saúde.
Entendemos que não pode ser ignorado o caminho iniciado em 2019, de alargamento da autonomia destas
entidades, de contratos-programa que implicam o cumprimento de indicadores de acesso, qualidade e eficiência.
Os resultados já são medidos e incorporados no modelo de financiamento hospitalar e é promovida a
eficiência. Sim, Sr.ª Deputada, é promovida a eficiência destas entidades, mas fazendo-o de forma positiva e
não negativa, penalizando estas entidades.
Para concluir, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista reconhece a importância do tema do financiamento
do Serviço Nacional de Saúde e, concretamente, dos hospitais. No entanto, defendemos que esta temática não
pode ignorar uma reflexão técnica e articulada, que responda às necessidades do sistema, em termos de
cobertura, de acessibilidade e de equidade, respeitando os princípios constitucionais e as orientações das
políticas em saúde, uma gestão eficiente das unidades hospitalares, mas salvaguardando sempre a importância
de fatores como a eficiência das especialidades — porque algumas unidades hospitalares podem recusar
especialidades que são importantes para as populações —, as características demográficas, a área
populacional, entre outras.
As medidas de eficiência são de extrema importância, mas deverão ser também analisados os impactos na
capacidade de prestar cuidados de qualidade, exigindo sempre o máximo do valor a entregar. E, para nós, Sr.ª
Deputada, o máximo do valor a entregar é entregue ao utente.