30 DE SETEMBRO DE 2021
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discriminação. E perante a tentativa de nacionalizarem alguns resultados autárquicos locais não vale a pena
virem para aqui às terças e quintas dizer que o País é mais do que Lisboa e depois, às segundas, quartas e
sextas, dizer que o resultado de Lisboa é que interessa e que o resto é paisagem.
Não, Sr. Deputado, não há municípios de primeira e de segunda. Todos os municípios tiveram eleições e
todos os autarcas interessam e são chamados hoje a cumprir a sua tarefa de emancipar os jovens, de combater
as alterações climáticas e de executar o PRR.
Mas os portugueses conhecem bem o novo ciclo que o Sr. Deputado quer inaugurar. É que a narrativa de
libertar o País do socialismo soa um bocadinho estranha a um País que desde 2015 se anda a libertar de um
ciclo liberal de empobrecimento que foi verdadeiramente devastador para muitos.
Aplausos do PS.
E os portugueses não se esqueceram desse ciclo político. Não nos esquecemos da liberalização dos
despedimentos e da precariedade.
Protestos do Deputado do PSD Duarte Marques.
Não nos esquecemos das privatizações ao desbarato, dos cortes nas escolas, no SNS e no Estado social,
empurrando milhares para a pobreza.
Mas, sabe, Sr. Deputado, se estamos num novo ciclo é mesmo porque hoje os portugueses sabem a
diferença entre o seu ciclo e o nosso ciclo político. É que na crise, quando seguimos a sua receita de liberalismo,
o desemprego disparou para 18% e os rendimentos caíram 10%. Crescemos menos do que a Europa e não
conseguimos reduzir o défice.
No nosso ciclo atingimos o equilíbrio orçamental, convergimos, pela primeira vez neste século, e, nesta
pandemia, um Governo comprometido com a solidariedade fez com que, na pior crise de sempre, com uma
queda de 8% do PIB, o rendimento tivesse apenas caído 0,7%.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, tem de concluir.
O Sr. Duarte Marques (PSD): — Pergunte ao Presidente da CP!
O Sr. Miguel Matos (PS): — Por isso, Sr. Presidente, fica claro que uma certa direita nunca conseguiu ultrapassar a batalha que perdeu em 2015 e quer agora forçar um novo ciclo político que não conseguiu fazer
prevalecer nas urnas.
Esta é uma estranha forma de liberalismo, Sr. Presidente. Não acha, Sr. Deputado?
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Cotrim de Figueiredo. Faça favor, Sr. Deputado.
O Sr. João Cotrim de Figueiredo (IL): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Miguel Costa Matos, vou dizer-lhe o que acho: acho que o Sr. Deputado deveria escrever as perguntas depois de ouvir o que as pessoas disseram
da tribuna,…
Risos do Deputado do CDS-PP João Pinho de Almeida.
… porque eu não falei de novo ciclo — disse, exatamente, que não havia, ainda—, não falei de Lisboa. E se
tivesse falado do ciclo de liberalismo que o senhor disse que tivemos em Portugal entre 2011 e 2015 lembrar-
lhe-ia que só tivemos intervenção externa porque foi um governo do Partido Socialista que arruinou as finanças
públicas, foi um governo do Partido Socialista que assinou o Memorando de Entendimento, e no meu livro, no
livro do Iniciativa Liberal, enormes aumentos de impostos não cabem. Não cabem na nossa cartilha!