I SÉRIE — NÚMERO 8
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Sr. Primeiro-Ministro, o CDS, como partido institucionalista e defensor da estabilidade e credibilização das
Forças Armadas, tudo fará, como fez, para a sua defesa.
Nesse sentido, a primeira nota que faço é de crítica à atuação atabalhoada do Governo na alegada
exoneração do atual CEMA (Chefe do Estado-Maior da Armada) e da nomeação do Vice-Almirante Gouveia e
Melo para o seu lugar, onde ninguém ficou a ganhar, tendo mesmo, de facto, todos ficado a perder.
A estabilidade das Forças Armadas, Sr. Primeiro-Ministro, foram afetadas. O atual CEMA foi
desconsiderado e o Vice-Almirante Gouveia e Melo, personalidade indispensável para o sucesso do plano de
vacinação, foi colocado numa situação que não merecia nem podia.
Daí, Sr. Primeiro-Ministro, as primeiras perguntas que lhe faço é se este lamentável episódio não
compromete ou condiciona a plena execução da nova Lei de Defesa Nacional e da LOBOFA por parte do
chefe dos Ramos e se os atuais chefes dos Ramos estão todos em sintonia para a execução das mesmas
reformas, que são urgentes e fundamentais para as Forças Armadas.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, então, a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado, como o Sr. Presidente da República, na sua autoridade suprema, já esclareceu, houve, de facto, alguns equívocos, que estão, felizmente, todos sanados.
Quanto à sua pergunta sobre a total lealdade dos chefes militares à legalidade democrática e às decisões
tomadas pela Assembleia da República, não tenho a menor dúvida em lhe responder. Não me passa pela
cabeça o contrário, nem tenho a menor dúvida de que qualquer um dos chefes militares dará execução à
legislação aprovada na Assembleia da República.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Continua no uso da palavra o Sr. Deputado Pedro Morais Soares.
O Sr. Pedro Morais Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, o problema das Forças Armadas não é só esta situação que salientei, vai muito além disso. Portanto, a segunda pergunta que
pretendo colocar-lhe tem a ver com o número de efetivos, os diversos constrangimentos que as Forças
Armadas podem ter, o baixo número de efetivos, que é, sem dúvida, dos piores.
Não há Forças Armadas sem militares. Nos últimos anos, as Forças Armadas têm funcionado com um
efetivo muito abaixo daquele que está previsto. Num contexto onde há um aumento significativo de missões
por parte das Forças Armadas, como se viu também no combate à COVID, nas missões de apoio e proteção
civil às populações, mas também nas diversas missões que têm, o efetivo encontra-se muito abaixo do
necessário, e algo, de facto, está a falhar: ou as missões são mal cumpridas, o que não é o caso, ou o efetivo
está em sobrecarga, porque não é possível fazer mais missões com menos recursos humanos.
A diminuição do número de militares, Sr. Primeiro-Ministro, é alarmante. Em 31 de dezembro de 2015,
existiam 29 200 militares; em 31 de dezembro de 2020, existiam 26 200. Ou seja, desde que o PS governa e o
senhor é primeiro-ministro houve uma baixa de 3000 militares, ou seja, 10%. Em julho de 2019, o atual chefe
do Estado-Maior-General considerava a situação como insustentável, quando referia que «não temos os 32
000 efetivos que deveríamos ter, só temos 26 000, e os que temos têm de repetir muitas vezes as missões.»
Portanto, as Forças Armadas precisam que sejam tomadas medidas urgentes que potenciem e revitalizem
a atratividade da carreira militar. Daí, convém esclarecer e, por isso, pergunto ao Sr. Primeiro-Ministro quais
vão ser as medidas concretas e reais para fazer face a esta baixa taxa de recrutamento e elevada taxa de
abandono e como vai manter as missões com o número a rondar os 26 000 militares.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.