15 DE OUTUBRO DE 2021
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Rui Cristina, do PSD.
O Sr. Rui Cristina (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estima-se que o número de suicídios por ano, no mundo, ascenda a cerca de 800 000, o que equivale a um suicídio a cada 40 segundos. Em Portugal
suicidam-se 3 pessoas por dia, o que significa que, entre nós, todos os anos mais de 1000 pessoas põem termo
à sua vida.
Porque é que é relevante falar-se de suicídio quando se reflete sobre a solidão? Pela razão simples de que,
como bem adverte um recente documento científico da Ordem dos Psicólogos, o suicídio e a tentativa de suicídio
resultam e são sinais de grande sofrimento emocional e representam um desafio de saúde pública em todo o
mundo com impacto nas pessoas, nas suas famílias, na sua comunidade e na sua sociedade.
Se os motivos que levam alguém a tentar suicidar-se podem ser muitos e complexos, o referido documento
da Ordem dos Psicólogos recorda que, entre as principais causas que motivam as pessoas a pôr termo à vida,
estão os problemas de saúde psicológica, nomeadamente depressão, perturbação bipolar ou consumo
excessivo de álcool, contando-se o sentimento de solidão entre os fatores de risco que aumentam a
probabilidade de alguém considerar suicidar-se.
Ora, a este respeito, convém lembrar que, recentemente, um estudo científico concluiu que, no nosso País,
um em cada quatro idosos se sente só e tem sintomas depressivos. Estamos a falar de cerca de meio milhão
de idosos, um número impressionante, mas que pecará, certamente por defeito, se lhe somarmos a miséria e o
sofrimento que a pandemia da COVID-19 trouxe à sociedade portuguesa no último ano e meio.
Com efeito, neste período, quantos milhões de portugueses não perderam os seus negócios e empregos?
Quantos não foram forçados a desumanos confinamentos? Quantos não ficaram privados da companhia dos
seus amigos e do carinho ou mesmo do conforto dos seus familiares?
Ora, toda esta realidade, conquanto grave e complexa, encontra na solidão uma dimensão psicológica que
é difícil mensurar, mas que, também por isso, assume ali, porventura, a sua expressão mais trágica. Trata-se,
portanto, de uma realidade escondida de que quase não se fala e que pouco ou nada se tem combatido nestes
últimos anos.
Os especialistas têm alertado para a urgência de se tratar precocemente os problemas de solidão e de
isolamento social, principalmente em pessoas idosas, assim como de promover efetivos programas de apoio às
suas famílias.
Por isso, o Partido Social Democrata saúda e reconhece as preocupações que estiveram na base da
apresentação do projeto de resolução que agora apreciamos. Entendemos que o Governo deve,
imperativamente, desenvolver e implementar uma estratégia nacional integrada de combate à solidão, enquanto
eixo estratégico de saúde pública, e entendemo-lo porque consideramos que o problema da solidão, tanto na
sua dimensão clínica como na sua expressão social, carece de ser reconhecido, estudado e combatido.
Reconhecemos na solidão um grave problema de saúde pública e defendemos que o Governo deve tomar
medidas urgentes que promovam, efetivamente, a saúde e a qualidade de vida dos portugueses e que,
consecutivamente, combatam eficazmente a chamada epidemia da solidão, um mal que afeta, cada vez mais,
largos segmentos da nossa população.
Por tudo isto, o PSD votará favoravelmente este projeto de resolução do PAN.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Arrobas, do CDS-PP.
O Sr. Miguel Arrobas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O projeto de resolução aqui trazido pelo PAN é, para nós, CDS, de extrema importância, mas, no nosso entender, tem sido pouco falado e,
muitas vezes, é falado com muitos tabus.
Tem de ser devidamente estudada uma abordagem de combate à solidão para que esta não venha a tornar-
se um verdadeiro problema de saúde pública. Sendo certo que muitas pessoas que sofrem de solidão ou
isolamento social são idosas, este é um problema que afeta qualquer faixa etária e são muitos os jovens que