27 DE OUTUBRO DE 2021
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normal ou na idade pessoal de acesso à pensão, ou em idade superior.» É precisamente essa a situação a que
se referia o meu camarada Vieira da Silva.
Como viu, agimos em conformidade e assegurámos a eliminação do fator de sustentabilidade nessa situação.
Aplausos do PS.
Sr.ª Deputada, obviamente, não me cabe a mim condicionar o sentido de voto do Bloco de Esquerda. É livre.
Já no ano passado nos deixaram, quando tínhamos de enfrentar a pandemia, e admito que não queiram agora
regressar ao combate comum que tínhamos iniciado em 2016.
Contudo, Sr.ª Deputada, com toda a franqueza, não vote contra o Orçamento do Estado, apenas porque é
contra uma proposta de lei laboral que está neste momento em debate público e que ainda há de vir à
Assembleia da República e, aí, poderá ter a oportunidade de votar a favor, porque, seguramente, verificará que
corresponde a grande parte das ambições do Bloco de Esquerda.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — É a vez do Grupo Parlamentar do PCP, e para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: O sentido que queremos dar a este debate é o de reafirmar as soluções que temos para os problemas do País e de confrontar o Governo com
as respostas que são necessárias.
É preciso assumir medidas e compromissos de resposta global aos problemas nacionais, uma resposta
global em que o Orçamento deve inserir-se, mas que vai para lá dele.
O aumento geral dos salários é uma emergência nacional e exige o aumento do salário mínimo nacional e
dos salários na Administração Pública, com recuperação de poder de compra perdido e revogação das normas
gravosas da legislação laboral.
Porque insiste o Governo em deixar mais de dois milhões de trabalhadores desprotegidos nos seus direitos,
deixando nas mãos do capital o cutelo da caducidade da contratação coletiva?
É possível assistir à degradação da capacidade do SNS, vendo esvair os profissionais, aceitando o saque
dos grupos privados de saúde dos recursos e profissionais do SNS, em vez de investir a sério na sua fixação?
É o direito à consulta, ao exame, às cirurgias, ao médico de família que está em causa, tal como a garantia do
direito à habitação, que precisa de ser assegurado. O que explicar aos milhares de pessoas que não conseguem
ter acesso à habitação ou vivem no receio de ficar sem ela?
O aumento extraordinário das pensões e reformas, abrangendo todos os pensionistas, o fim das penalizações
para as longas carreiras contributivas, o avanço nas creches, assegurando a gratuitidade e criando 100 000
vagas em rede pública são necessidades igualmente evidentes para que o défice demográfico seja enfrentado.
É preciso agir sobre os preços da energia. Como admitir que milhões de portugueses não tenham
possibilidade de aquecer as suas casas no inverno que aí vem?
O Sr. João Dias (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A defesa da produção nacional e o apoio às micro, pequenas e médias empresas reclama a recuperação do controlo público dos setores estratégicos, a fixação e controlo do preço da
energia e dos combustíveis e a recuperação dos CTT (Correios de Portugal), como elementos imprescindíveis
à dinamização económica e ao crescimento.
Tudo isso foram questões que ao longo dos últimos meses levámos à discussão com o Governo para que
sobre elas houvesse decisão.
O ponto a que chegámos hoje é conhecido.
Recusando considerar a resposta global que propusemos, o Governo considerou apenas isoladamente
algumas das propostas do PCP. O exemplo do salário mínimo nacional confirma que não foi por falta de
persistência ou abertura do PCP para que fossem encontradas soluções.