27 DE OUTUBRO DE 2021
23
Mas este Orçamento é o resultado das suas opções e das suas escolhas, Sr. Primeiro-Ministro. O senhor,
de alguma forma, para usar mais uma expressão — já outras foram usadas —, fechou-se dentro de uma espécie
de casa assombrada. Trancou-se lá dentro!
O Sr. André Pinotes Batista (PS): — Uh!!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — É assustador para o País, é, Sr. Deputado. Tem toda a razão. É muito assustador para o País.
O senhor recusou — e voltou a recusar hoje! — qualquer outra opção que não fosse a da geringonça. O
senhor, ao longo do mandato, teve, mais do que uma vez, sinais, designadamente, do maior partido da oposição,
não tanto do meu partido, no sentido de haver diálogo, e o senhor recusou sempre, fechou-se sempre nesse
modelo.
A Sr.ª Cecília Meireles (CDS-PP): — Diálogo e votos!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — O senhor descartou qualquer hipótese de diálogo ou de outra solução e disse sempre que tinha parceiros estáveis e confiáveis. Foi o que o senhor andou a dizer ao País até hoje: que
tinha parceiros estáveis e confiáveis e que tinha uma solução estável e coerente. Até foi duradoura, mas também
dizia que era estável e coerente!
Chegados a este momento, Sr. Primeiro-Ministro, estamos a assistir à continuação daquilo que acho deixar
chocado, por assim dizer, qualquer cidadão normal, qualquer português de bom senso. Assistimos, nestas
últimas três semanas, àquilo que já tínhamos visto, em anos anteriores, num grau superlativo: uma barganha
pública orçamental, um regateio medida a medida, que chega a este momento e não tem resolução nenhuma.
Sr. Primeiro-Ministro, para sair do tal buraco onde se meteu, acho que, nas últimas três semanas, o senhor
comprou um bilhete para um comboio-fantasma. Repito: o senhor comprou um bilhete para um comboio-
fantasma! O senhor andou três semanas a prometer tudo ao partido comunista mais ortodoxo da Europa, para
não dizer o único.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ortodoxos são os católicos!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Andou a prometer-lhes tudo! Andou a prometer-lhes reverter toda a legislação laboral, a mesma legislação laboral que, até 2015, nos permitiu sair de um desemprego de 17%,
reduzindo-o para 6%. O senhor andou a prometer a contratação coletiva vitalícia, ad aeternum. O senhor
continua a prometer isso mesmo, o final da razoabilidade nos contratos a termo. Andou a prometer, como admitiu
agora mesmo, realidades que poriam em xeque grande parte das nossas empresas.
Andou a prometer isso tudo ao PCP e…
Protestosde Deputados do PS.
… chega a este momento e o que tem?! O que tem, depois de prometer isso tudo?! Chega a este momento
e o que é que aconteceu?!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso não é um comboio-fantasma!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Bateram-lhe com a porta na cara. Repito, bateram-lhe com a porta na cara! O senhor chegou a este momento e bateram-lhe com a porta na cara.
Quero deixar-lhe uma pergunta final, Sr. Primeiro-Ministro, além de lhe pedir a explicação destes factos.
Protestos do PCP.
Até é bonito, Srs. Deputados. Gosto muito, sinceramente. «Enquanto houver estrada para andar», Sr.
Primeiro-Ministro, é bonito.